Tribalismo, golpismo e outras coisas estranhas no Brasil e no mundo

03/04/2024 17:49 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Mais golpista do que nunca, Jair Bolsonaro vem poluir Maceió na próxima sexta-feira. O escroque será recepcionado por viúvas da ditadura, adeptos da tortura e reacionários que empestam a vida pública brasileira. O bueiro que explodiu na eleição de 2018 seguirá produzindo dejetos por muitos anos. Aqui, o futuro dura muito tempo.

O senador Sérgio Moro enfrenta julgamento na República de Curitiba no caso de abuso de poder econômico na eleição de 2022. O herói da Lava Jato faz o que pode para escapar da cassação – um desfecho à altura para o personagem que nunca respeitou as regras da Justiça no país.

Um dos ministros mais influentes no governo Lula encara denúncia de corrupção no caso de compra de respiradores durante a pandemia de Covid-19. Rui Costa, chefe da Casa Civil, é alvo de uma delação premiada e, ao que parece, não terá vida boa nos próximos dias.

Num caso que incendeia as redes sociais, um dos filhos do presidente Lula é acusado de violência contra uma mulher com quem manteve relacionamento durante dois anos. No Boletim de Ocorrência, os termos da acusação revelam episódios de extrema gravidade. Lula ainda não se manifestou, mas não tem como escapar do tema.

Dados da realidade objetiva atestam um Brasil que avança, mas isso e nada é a mesma coisa na guerra política. Num Congresso Nacional tomado por extremistas de direita, a pauta do governo é sabotada em nome dos interesses eleitoreiros. Para complicar, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, chantageiam o Executivo, dia sim, dia também.

Tão previsível quanto demagógica é a estratégia de promover o pânico na sociedade. É assim desde sempre. Por isso, a segurança pública se tornou uma das principais bandeiras da oposição a Lula. Exemplo maior é o tosco governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Correndo atrás do voto bolsonarista, ele escolheu a morte como seu maior cabo eleitoral. As vítimas são, claro, as de sempre: pretos e pobres nas periferias.

Como o Brasil é pouco para dar conta de nossos dilemas existenciais, suponho que a esta altura você já escolheu seu lado entre Israel e Hamas. Cheios de argumentos elaborados em bases sólidas e civilizadas, todos defendem a vida e condenam atos de atrocidade. Por um mundo melhor, a eliminação do outro é uma escolha inescapável.

Liberdade absoluta ou relativa, eis a falsa questão. A descriminalização do aborto. A liberação do uso recreativo de maconha. A censura a livros “impróprios” para escolas de ensino fundamental. Os censores de obras que podem ferir “leitores sensíveis”. Boicote a filmes que agridem nossa delicadeza. Etc. Racismo ambiental, estrutural ou reverso? Bolhas. Patotas. Coletivos. Turminhas. Pensamento único fantasiado de diversidade. O tribalismo venceu.

(De volta ao CADA MINUTO após um ano nada sabático. Diariamente, por aqui, vou pensando e escrevendo – e vice-versa).

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