“Quando alguém que a gente ama morre, a gente não faz festa, a gente lamenta e chora”, diz padre sobre tradições da Sexta-feira Santa não serem mantidas

29/03/2024 08:00 - Especiais
Por Mara Santos
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Feriado instituído pela Igreja Católica para reflexão sobre a crucificação de Jesus Cristo e sua morte no Calvário, pelo Império Romano no ano 33, a Sexta-feira Santa ou Sexta-feira da Paixão é considerada feriado nacional em muitos países do mundo e em grande parte do ocidente, especialmente nas nações de maioria cristã.

A data acontece anualmente e é o primeiro dia do Tríduo Pascal, que antecede o Sábado de Aleluia e o Domingo de Páscoa.

A tradição sugere que os fiéis se abstenham de qualquer tipo de prazer na Sexta-feira Santa, façam algum tipo de penitência, mantenham hábitos voltados para reflexão e oração, além de jejuar e não comer carne.

Ao CadaMinuto, o vigário de Pastoral da Arquidiocese de Maceió, cônego Fernando Bezerra,  explicou que na Sexta-feira da Paixão a Igreja convida os fiéis a contemplarem a morte de Jesus, pois dentro do contexto do Tríduo Pascal é celebrada a morte, o sepultamento e a ressurreição de Jesus.

“Na sexta-feira, nós celebramos o primeiro dia do Tríduo, que é a morte de Jesus. Então, a Igreja nos indica, neste dia, o silêncio reflexivo da morte, ou seja, Deus morreu por nós, o filho de Deus encarnado. Então, o primeiro dia do Tríduo é para refletir sobre a morte de Deus por nós. Ele nos ama”, explicou o cônego.

O vigário afirma que algumas práticas são indicadas pela Igreja durante a Sexta-feira Santa e esclareceu o intuito delas.

“A igreja nos convida a fazer algumas práticas como o jejum e abstinência de carne. O  jejum porque nós estamos pensando no céu e o fazemos porque ele ajuda a gente a domar nossos extintos. Em relação à abstinência de carne, a Igreja recomenda que os fiéis não comam nada que tenha sangue quente. Por isso, a gente come peixe, crustáceo e outros que não tenham sangue quente, porque na Sexta-feira Santa a gente recorda a sangue derramado na cruz”, ressaltou.

Cônego Fernando Bezerra / Foto: Pascom Maceió

O sacerdote contou ainda que muitas tradições das gerações mais antigas não são mais respeitadas e seguidas. Ele afirma que só as pessoas idosas vivem a data com luto, como se alguém que se ama tivesse morrido.

“Na época da minha avó, na minha casa a gente não podia tomar banho, pintar o cabelo, se olhar no espelho, varrer casa, porque era um dia de luto. Quando morre alguém na casa da gente, a gente não faz festa e não arruma a casa. Hoje não, o povo tornou o velório um momento cívico de ‘amostramento’ (SIC). Na época da minha bisavó e avó, a Sexta-feira Santa era um dia de luto e sofrimento para recordar o amor de Deus por nós”, relata o cônego.

Para o vigário, é necessário que as pessoas tentem viver a realidade da liturgia, onde se pede recolhimento e silêncio, mas atualmente só as pessoas mais velhas preservam as tradições.

“As pessoas poderiam tentar viver um pouquinho dessa realidade, a liturgia em si, onde pede recolhimento e silêncio. O povo mais antigo realmente vive esse dia como o dia da morte de alguém que ama. Quando alguém que a gente ama morre, a gente não faz festa. A gente lamenta e chora. Ou seja, a gente pode chorar os nossos pecados  refletindo na Paixão do Senhor”, concluiu.

O que diz o Cristianismo sobre as tradições

Para o cristianismo, a Sexta-feira Santa representa o sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Ela é a principal data da Semana Santa. Neste período, muitos devotos ficam com dúvidas sobre o que é permitido fazer neste dia.

Confira abaixo o que o Cristianismo recomenda e o que não recomenda que os fiéis façam na Sexta-Feira Santa.

O que não pode fazer na Sexta-feira da Paixão:

  1. Matar animais, mesmo para consumo;
  2. Tirar leite de vaca;
  3. Consumir carne vermelha;
  4. Realizar trabalhos braçais;
  5. Abrir estabelecimentos comerciais;
  6. Ouvir música alta ou dançar;
  7. Tomar café da manhã, sendo o jejum como penitência recomendado até o meio-dia;
  8. Praticar atos sexuais;
  9. Ingerir bebidas alcoólicas, evitar ficar embriagado;
  10. Participar de festas;
  11. Brigar ou proferir palavrões.

 

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