A medula óssea é um tecido líquido, localizado no interior dos ossos, conhecido popularmente como "tutano". É na medula que temos a produção de componentes do sangue e, por esta razão, ela é considerada como uma fábrica de sangue.

Seu transplante consiste em substituir as células que estão mortas por células novas e saudáveis. Tais células em estado pleno de saúde podem ser obtidas por meio de um doador compatível ou até mesmo do sangue do cordão umbilical.

Vista também como um ato de solidariedade e empatia com o próximo, o transplante pode ajudar pacientes que possuem doenças de sangue, como leucemia, linfomas e alguns tipos de anemia, e que têm no transplante sua única chance de cura.

Mas quais os critérios para se tornar um doador de medula óssea? Existe algum risco para quem doa e para quem recebe o transplante? O Cada Minuto entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (SESAU), que esclareceu essas e outras dúvidas acerca do transplante. Dentre as questões abordadas, pontos como a idade mínima e máxima para doação, bem como o tempo de recuperação, foram tópicos destrinchados na entrevista.

Confira abaixo, na íntegra, as respostas sobre a doação de medula óssea:

 

Existe idade mínima para ser doador?

Segundo portaria do Ministério da Saúde (MS), a idade mínima é 18 anos e a máxima 35 anos.

Quais são os requisitos para se tornar doador? Como é feito o registro?

Para se cadastrar como doador de medula óssea é necessário estar portando CPF e RG, informar o endereço residencial, ter mais no mínimo 18 e no máximo 35 anos e ter boas condições de saúde, não sendo acometido por doenças infectocontagiosas como a Aids, câncer hematológico ou doença autoimune, como o Lúpus. O registro é feito por meio da doação de 5 ml de sangue para realizar o exame de compatibilidade genética com um receptor, que precisa do transplante, onde o código genético será disponibilizado no Registo dos Doadores de Medula Óssea (Redome), que é um banco de dados nacional, monitorado pelo Instituto Nacional do Câncer, por meio do Ministério da Saúde (MS), assim como ocorre com o Registro dos Receptores de Medula Óssea (Rereme).

Há limites para doar medula óssea?

Não. Desde que o doador ao ser convocado esteja clinicamente bem, após ser submetido a uma bateria de exames. A questão é que, devido à miscigenação brasileira, para cada 100 mil candidatos à doação de medula óssea, há, em média, apenas um receptor compatível e, por isso, a necessidade de ampliar o número de pessoas cadastradas no Redome, para aumentar as chances de encontrar alguém compatível.

Foto: JLSiqueira/ALMT

Qual o tempo de recuperação para o doador? Ele pode solicitar ausência no trabalho?

O doador deve ficar internado em uma unidade hospitalar transplantadora por 24 horas. Caso a doação ocorra por punção, pode haver um pequeno desconforto no local, que é amenizada com uso de analgésicos. Caso ele trabalhe, receberá um atestado para apresentar no local de trabalho e, se o centro transplantador for fora do estado de residência, todos os custos serão pagos pelo Ministério da Saúde (MS).

Existe algum risco para quem doa e quem recebe a medula?

Não há relatos na literatura médica de doadores que tenham passado por complicações após a doação de medula óssea e, pouco tempo depois, já retomam suas atividades normais, seja com relação a estudo ou trabalho. No caso dos receptores de medula óssea, que são os transplantados, há o risco de o transplante não ser bem sucedido, uma vez que pode ocorrer rejeição, assim como ocorre com os demais transplantes, ou, ainda, o transplantado pode ser acometido por doenças oportunistas, uma vez que, antes de ser submetido ao transplante, ele passa por um tratamento que ataca as células doentes e destrói a sua própria medula, para receber a nova, que foi doada e transplantada.

Quanto tempo leva a recuperação de quem recebe o transplante?

Depende de pessoa para pessoa, uma vez que cada transplantado irá apresentar uma situação clínica específica. 

Como é realizado o procedimento?

A doação de medula óssea pode ser feita de duas formas, punção ou aférese e a decisão sobre o método é exclusiva da equipe médica que irá realizar o procedimento. A Punção é o procedimento realizado sob anestesia em que a medula óssea é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções. Requer internação de 24h, podendo ocorrer dor no local da punção, nos primeiros dias, que pode ser amenizada com uso de analgésicos e o tempo de recuperação ocorre em torno de 15 dias. Já a Aférese, é o método em que o doador faz uso de uma medicação por cinco dias, com o objetivo de aumentar a produção de células-tronco circulantes no seu sangue e, após esse período, a doação é realizada por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue através de duas veias do doador, uma em cada braço, ou uma veia profunda, separa as células-tronco e devolve os componentes do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação e anestesia. 

Por que é tão difícil encontrar um doador de medula?

Como já citado, devido à miscigenação brasileira (país que conta com índios e teve a incorporação de africanos, portugueses, holandeses e espanhóis) as chances de encontrar um doador compatível com o receptor reduz. Para cada 100 mil candidatos à doação de medula óssea, há, em média, apenas um receptor compatível e, por isso, a necessidade de ampliar o número de pessoas cadastradas no Redome, para aumentar as chances de encontrar alguém compatível.

*estagiário com supervisão da editoria