O mês de agosto, reconhecido nacionalmente como o "Agosto Dourado," representa a batalha pelo estímulo à amamentação. Essa designação foi estabelecida através da Lei nº 13.435/2017, a qual estipula que durante todo o mês de agosto serão intensificadas iniciativas para conscientizar sobre a importância do aleitamento materno.
Para o CadaMinuto, a estudante de arquitetura Bruna Monteiro compartilha sua experiência no processo de amamentação, enfatizando os ganhos que o aleitamento materno proporcionou a ela e ao seu filho.
A estudante relata que escolheu o aleitamento materno, uma vez que sempre recebeu orientação de que essa seria a maneira mais vantajosa de alimentar seu filho. Ela afirma: "Decidi amamentar devido a todos os benefícios e também porque sempre tive uma produção abundante de leite".
Ela compartilha que a amamentação a auxiliou a estabelecer um vínculo mais forte com seu filho. A mãe está convencida de que o leite materno desempenhou um papel crucial em prevenir cólicas no bebê e tem continuado a protegê-lo contra possíveis infecções até o momento.
Bruna relata que o início do processo de amamentação foi particularmente desafiador e doloroso devido à sua falta de familiaridade com o procedimento. Ela compartilha: “No começo, meu mamilo chegou a ficar machucado. Além disso, devido à minha produção abundante de leite, acabei desenvolvendo mastite. Cheguei até a passar por uma cirurgia para drenar o leite empedrado na mama”.
Ela recorda que recebeu assistência de profissionais especializados somente durante os dois dias em que permaneceu na maternidade após o parto. A partir desse momento, recorreu à internet para realizar pesquisas por conta própria.
Bruna destaca que esse período pode ser bem cansativo. "Colocamos uma pressão excessiva em nós mesmas e, devido à tenra idade deles, eles requerem o peito em intervalos curtos, o que acaba sendo bastante desgastante", ressalta.
Atualmente, a estudante declara que, apesar do cansaço, experimenta uma sensação positiva tanto psicológica quanto fisicamente. Ela enfatiza: “Neste momento [de amamentação], a conexão e o olhar dele fixado em mim fazem com que tudo valha a pena”.

Também em uma entrevista ao CadaMinuto, a farmacêutica Vitória Angélica compartilhou alguns desafios que enfrentou durante seu período de amamentação. Sendo sua primeira experiência como mãe, ela admitiu ter experimentado muitos medos e apreensões. Vitória explicou que os primeiros dias foram particularmente difíceis devido à dor e à escassez de leite/colostro.
"No começo, tanto a mãe quanto o bebê estão passando por uma fase de adaptação, e é crucial ajustar a forma como o bebê se agarra ao seio. Durante esse período, minha filha estava se alimentando de maneira inadequada, o que acabou resultando em machucados no meu mamilo, gerando bastante dor durante a amamentação", recorda.
Vitória enfatiza a importância de contar com um sistema de apoio para as mães durante os estágios iniciais do processo. Ela compartilha: "Para mim, o início foi psicologicamente tumultuado, pois, além do período de adaptação, as mães enfrentam várias situações de privação física, como a falta de sono, o que torna tudo mais desafiador na ausência de uma rede de apoio."
A farmacêutica esclarece que recebeu orientação em amamentação somente após o parto, enquanto estava na maternidade, e que essa assistência foi gratuita devido à inclusão no plano.
Vitória destaca que optou pelo aleitamento materno motivada pela oportunidade de proporcionar o alimento mais completo para sua filha e fortalecer um vínculo mais profundo com ela.
Apesar dos desafios, ela esclarece que não tem nenhum arrependimento em relação à escolha de amamentar. “É uma experiência maravilhosa, não sinto nenhum arrependimento, e enquanto minha filha desejar e eu puder, continuaremos com o aleitamento materno”, enfatiza a farmacêutica.

Quais os benefícios do aleitamento materno?
Em entrevista ao CadaMinuto, a médica pediatra Eliana Silva Lites esclarece os benefícios da amamentação e oferece orientações sobre como lidar com dor e desconforto durante o aleitamento materno.
A especialista destaca que a amamentação traz vantagens como aprimorar o vínculo entre mãe e filho e proporcionar proteção contra infecções, graças ao reforço da imunidade.
“É um alimento completo, pois atende todas as necessidades nutricionais do bebê. É também benéfico para o desenvolvimento psicológico, pois fortalece o vínculo e proporciona segurança à criança”, afirma a médica.
Ela também sustenta que o aleitamento materno traz benefícios para a mãe, ao contribuir para a contração uterina pós-parto imediato e auxiliar na prevenção do câncer de mama.
Quando indagada sobre a duração recomendada da amamentação, Eliana responde que, de forma exclusiva, até o sexto mês.
Ela explica que durante esse período, a flora intestinal da criança está em desenvolvimento, permitindo uma absorção ideal do leite materno. De acordo com a médica, é possível manter a amamentação até os dois anos de idade, enquanto complementa com outros alimentos.
"A amamentação sob livre demanda e a ingestão adequada de líquidos contribuem para manter uma produção saudável de leite materno", esclarece a pediatra.
Eliana também destaca que, caso a mãe experimente algum desconforto, é aconselhável procurar avaliação de um profissional, pois poderia estar ocorrendo uma pega inadequada do bebê ao seio materno. "É importante buscar ajuda, pois cada situação é única e as orientações podem fazer toda a diferença", diz a especialista.

Conscientização e apoio à amamentação
A especialista em amamentação sem dor, Lilian Carnaúba, esclarece o significado e os objetivos do Agosto Dourado para mães e bebês. Segundo ela, a iniciativa visa aumentar a conscientização sobre a importância do aleitamento materno. "O objetivo é proteger, promover e apoiar a amamentação", afirma.
Carnaúba compartilha que as gestantes que buscam sua orientação frequentemente têm preocupações em relação à amamentação, como o receio de não conseguir amamentar, dores e a possibilidade de não produzir leite suficiente. Já as lactantes muitas vezes enfrentam dificuldades na pega correta, desconforto e lesões durante as mamadas.
Ela destaca que os benefícios da amamentação são incontestáveis. Para o bebê, ela proporciona nutrição completa e proteção contra doenças como obesidade e alergias, além de fortalecer o vínculo com a mãe. Para as mães, a amamentação oferece a oportunidade de perder peso após o parto, proteção contra câncer de mama e ovários, e ainda resulta em economia de tempo e dinheiro. “A amamentação é a maneira mais eficaz de nutrir o bebê durante os primeiros meses de vida”, ressalta.
A especialista também desmistifica alguns equívocos frequentes sobre a amamentação. “É bastante comum as mães acreditarem que amamentar é algo instintivo, porém é fundamental se preparar durante a gestação com informações que auxiliem nesse processo. O bebê não nasce com o conhecimento de como mamar, é necessário aprender a guiá-lo para uma pega adequada e mamadas eficazes, a fim de garantir uma amamentação de qualidade e sem causar desconforto à mãe.”
“Existem também outros equívocos relacionados à qualidade e quantidade do leite materno produzido. Uma mãe bem informada tende a sentir-se mais segura e encorajada a oferecer seu leite como o melhor alimento para seu bebê”, acrescenta.
Carnaúba enfatiza que ao se envolver em iniciativas que respaldam a amamentação e ao ser um apoio ativo para gestantes e lactantes, cada indivíduo pode desempenhar um papel crucial em assegurar que mães e bebês desfrutem de uma experiência de amamentação saudável e positiva. “Seja o apoio que gostaria de receber, encorajando, apoiando e cuidando dessas mulheres. Além disso, participe de movimentos que promovem a amamentação ao lado de gestantes e/ou lactantes”, conclui.

*Estagiárias, sob supervisão da editoria