A velha Bancada da Bala, ontem e sempre

16/02/2023 12:01 - Blog do Celio Gomes
Por redação
Image

Alguns senadores e deputados tratam o parlamento como delegacia de polícia. São os eleitos com a ideologia do prendo & arrebento. É gente que usou o cargo de juiz, promotor ou delegado, por exemplo, para fazer politicagem e ganhar um mandato. De Sérgio Moro a Fábio Costa, é a turma monotemática, aquela que há décadas ficou conhecida como a Bancada da Bala.

Quando estavam em seus postos de origem no serviço público, essas figuras forjaram a imagem de “durões” com todo o tipo de crime, especialmente a corrupção. Tudo fachada. Pura demagogia. Não perdiam uma chance de aparecer na imprensa fazendo críticas aos “políticos profissionais”. Na verdade, às custas do Erário, usaram seus postos para pavimentar o atalho que os levaria à... política profissional.

Como disse, a bancada “especialista em segurança” sempre existiu. O que mudou, em alguns casos, foi o corte do terno. A patota também ganhou o modelito do “delegado hipster”, um tipo que se espalhou de norte a sul, em delegacias estaduais e federais. Fábio Costa, que se elegeu vereador e agora já é deputado federal, é uma contribuição de Alagoas para o segmento.

Essa rapaziada, que sempre chafurdou nas ideias mais reacionárias da paróquia, jamais esteve tão à vontade quanto nos dias atuais. O arrastão da extrema direita que elegeu Bolsonaro elevou os xerifes desmiolados a patamares nunca antes verificados. E, vale sempre lembrar, estamos falando da “nova política”.

Ao ouvir essas trepeças vomitando baboseiras que misturam ignorância e autoritarismo, é difícil acreditar em algum avanço na vida pública brasileira. Esse amontoado de cabeças ocas pode ser mais ou menos resumido em duas frentes. A primeira é folclórica, traduzida num cipoal de ideias inservíveis. A segunda, mais perigosa, é a disposição permanente de se jogar em aventuras antidemocráticas. 

O DNA autoritário dos valentões está mais que provado na adesão incondicional de todos ao bolsonarismo. Esses pais de família e cidadãos de bem adoram um tanque e um coturno, são fãs de torturadores e abominam a imprensa livre. Como diria Leonel Brizola, é tudo filhote da ditadura. 

Não se deixe enganar, camarada. Terninhos bem cortados, óculos modernosos e barbichas milimetricamente aparadas não fazem de um jagunço alguém civilizado. Porque algumas coisas, definitivamente, não mudam nunca.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..