Como pular o carnaval e cair na balada sem detonar o histórico bairro de Jaraguá

10/02/2023 12:32 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Hoje é dia de carnaval. Ou melhor, são as prévias do calendário oficial da maior festa popular do país, como virou tradição em Alagoas e Brasil afora. Pelo que sei, centenas de blocos estarão nas ruas de Maceió por toda a noite desta sexta-feira e madrugada do sábado. Tem ainda show de Elba Ramalho. Os organizadores preveem público perto de 100 mil pessoas. É muita gente pra lá e pra cá ao som de frevo, marchinhas, batucadas, forró e outros ritmos.

A festança leva o nome de Jaraguá Folia porque tudo acontece entre a praia da Avenida e a rua Sá e Albuquerque, no coração de Jaraguá, o bairro histórico da capital imortalizado em páginas geniais do poeta Lêdo Ivo. Nos últimos dias, a área foi preparada para receber os foliões. No começo da noite, o trânsito será fechado e as ruas estarão livres para o desfile dos blocos.

Quando as multidões partem para a farra a céu aberto, o espaço público naturalmente corre algum perigo. A depender da organização da coisa, o potencial de estrago é maior ou menor. O dia seguinte a grandes celebrações apresenta a conta: montanhas de lixo, muita coisa fora do lugar e, em casos mais graves, vandalismo e depredação generalizada.

Pensei nisso aí depois de ler na Gazetaweb declarações de Kennedy Calheiros, presidente da Associação Comercial de Maceió. Segundo ele, o prédio da entidade – uma joia do patrimônio arquitetônico alagoense – vem sofrendo com a atitude da turma que frequenta a área nos fins de semana. A cada segunda-feira, informa Calheiros, é necessário um mutirão de limpeza nas escadarias e arredores do prédio.

É que a “vida noturna” está voltando com tudo ao Jaraguá. Desde o ano passado, botecos, cervejarias, casas de show, bares e restaurantes abriram as portas e atraem baladeiros em geral. Dois desses lugares – os bares Mucuri e Giramundo – ficam bem em frente à Associação Comercial. As escadarias do prédio viraram extensão dos estabelecimentos. De quinta a domingo, a gandaia (no bom sentido) atrai cada vez mais gente.

A preocupação do presidente da entidade faz sentido. Não se pode fazer da área pública uma terra de ninguém. Além da sujeira pesada, depois de algumas cervejas, os mais abusados fazem do local um banheiro particular. Pense na bagaceira. Daí para a degradação sem volta, é só um pulinho.

Prefeitura e empresários devem se empenhar na preservação do patrimônio de todos. Alguma campanha de conscientização e medidas preventivas cairiam bem. De seu lado, os frequentadores precisam se ligar. Mucuri e Giramundo, os bares badalados, já viraram points da galera “cabeça” e “antenada”. Para justificar essa boa fama, o pessoal não pode se comportar como um bando de porcos (com todo o respeito).

Sou um entusiasta da “retomada” de Jaraguá. Que o bairro atraia cada vez mais público, nativos e turistas, movimentando a cidade, abrindo alternativas de lazer e gerando empregos para muita gente. E tudo isso pode acontecer sem que haja agressão à arquitetura e à história do lugar. Com esse princípio na cabeça, pode pular na festa. No carnaval e ao longo do ano todo.

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