Rei do orçamento secreto terá vitória acachapante na eleição de presidente da Câmara

31/01/2023 19:35 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Não tem pra ninguém na eleição para presidente da Câmara dos Deputados, que se realiza nesta quarta-feira, primeiro de fevereiro. Na volta do parlamento após o recesso, o alagoano Arthur Lira (PP) – o rei do orçamento secreto – será reeleito para mais dois anos à frente da Casa. E a vitória do rapaz será por uma goleada de votos, algo acachapante, segundo todas as previsões na praça.

A vitória do deputado é dada como certeza absoluta por onze entre dez analistas na imprensa brasileira. É algo ao mesmo tempo espantoso e previsível. Legítimo representante da política mais rudimentar no Congresso Nacional, Lira comprou sua reeleição com uma naturalidade jamais vista nos corredores dos palácios brasilienses.

Se o leitor preferir, pode entender que recorro a uma licença poética ao falar em “compra” de reeleição. Mas pode também levar o verbo ao pé da letra. Não bastasse o que fez ao longo dos últimos dois anos – com aquela distribuição milionária de emendas sigilosas –, Lira acaba de dobrar auxílios e mamatas para seus colegas. Às vésperas da votação. E fica por isso mesmo!

O imperador Arthur não é fraco, não. Como já publicado, o homem conta com o apoio de vinte partidos. A aliança que garante seu triunfo vai do PT à direita mais ensandecida, aquela que gostaria de dar um tiro na cara de Lula. Eventuais adversários na disputa sabem que estão no jogo apenas para marcar posição.

Diante da força descomunal dessa notória figura, o governo Lula nem cogitou alternativas. Mas as lideranças do PT e aliados sabem que não dá pra confiar nos princípios republicanos de Sua Excelência, o virtual reeleito presidente da Câmara. E, sem alternativa, o novo governo se abraça ao que há de mais atrasado na vida pública do país. 

A voracidade com que administra as finanças da Câmara combina com a truculência de seus modos no jeito de fazer política. Tolerância, diversidade, diálogo, respeito às regras democráticas – nada disso interessa ao parlamentar que saiu das Alagoas para brilhar no topo da República. Com o faraó Arthur, vale a antiga máxima repaginada por aquele general expert em logística: manda quem pode, obedece quem preza pela saúde...

E só para lembrar: Arthur Lira engrossa a lista das autoridades que se mantiveram em silêncio criminoso diante dos descalabros do então presidente marginal que agora está em fuga pelo mundo. Ao contrário, não cansou de posar para fotos, sorriso aberto, ao lado do delinquente Bolsonaro. 

O novo-velho presidente da Câmara, a ser confirmado nesta quarta, conjuga essas duas qualidades básicas, por assim dizer: tino para os negócios e uma rústica animosidade pela democracia. Neste Brasil brasileiro, ainda não será a partir de 2023 que teremos um ambiente devidamente republicano. É o que temos. 

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