ChatGPT: prepare-se para a revolução que já começou

29/01/2023 11:04 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Enquanto olhava o mundo, pescando um tema para retomar minha produção de textos aqui no CM, resolvi testar uma novidade – uma revolucionária novidade, seria mais adequado escrever. Você já ouviu falar no ChatGPT? O robô de bate-papo foi lançado em novembro do ano passado e, em menos de dois meses, provoca um terremoto de alcance planetário.

ChatGPT, resumindo, é uma ferramenta de inteligência artificial. Dito assim, nesses tempos de projeções e delírios sobre avatares e multiverso, parece apenas mais uma janela excitante para deslumbrados que babam por extravagâncias tecnológicas. Para essa turma, a tecnologia vem aprimorando equipamentos que, digamos assim, ajudam a turbinar experiências sensoriais entre corpos, mesmo que separados por centenas de milhas e oceanos.

O ChatGPT não interage fisicamente, não gera imagens, não emite ondas sonoras, não provoca nenhuma sensação de prazer – como já acontece com as invenções que simulam o sexo da vida real. Aliás, há quem defenda que a simulação, nesse campo específico, supera a prosaica experiência que se tem na realidade. (Mas esse é outro debate).

A revolução do ChatGPT se materializa no universo da palavra escrita. E nada mais que isso. Esse mecanismo de IA produz textos. Todo o tipo de texto: artigo curto, ensaio de fôlego, redação, carta, conto, poesia, romance, peça publicitária... Basta você pedir, também por escrito. 

Para entregar seu pedido, o ChatGPT precisa que você informe sua demanda, resumida numa frase ou numa breve pergunta. Se quiser, pode dar mais detalhes do que deseja, como a abordagem do tema a ser tratado e a forma. Dado essencial: a ferramenta “conversa” com o interlocutor, igualmente por escrito, claro, e responde a questões com velocidade impressionante.

Na imprensa, já saiu até entrevista com o ChatGPT. Na Folha, o escritor Joca Reiners Terron entrevistou o bicho sobre noções de autoria, originalidade e plágio na literatura. Na Veja, uma reportagem informa que o primeiro parágrafo do texto foi escrito pela IA. O jornalista João Pereira Coutinho caiu numa pegadinha de um amigo que lhe pediu opinião sobre um ensaio. Depois de elogiar o trabalho, o português foi avisado que o autor daquelas palavras era, na verdade, uma máquina.

Minha experiência com o ChatGPT foi rápida e por acaso. Mesmo assim, entendi o alcance da transformação que essa novidade deve provocar em nossas vidas. Sem exagero, diria que as dimensões do estrago ainda são desconhecidas, porque estamos no começo da aventura.

Mas veja como a invenção é mesmo arrasadora: escolas americanas e ao menos uma universidade francesa proibiram o uso da ferramenta por alunos, professores e funcionários. Temem a fraude generalizada nas tarefas textuais. Quem descumprir a ordem será expulso sumariamente. E por que isso? Porque não há como identificar que o texto é de uma máquina. Cada produção é única.

Como se cantava antigamente, computadores fazem arte. O robô vai substituir o ser humano numa vastíssima antologia de atividades. Isso é até um clichê, diante do que está na praça. Essas ideias estão superadas faz algum tempo. A distopia perfeita talvez venha assim, num mundo em que o indivíduo não mais terá a capacidade de alinhavar palavras para expor um pensamento em forma de texto.

Afinal, por que pensar? E escrever para quê? De minha parte, arriscaria especular sobre as duas perguntas, mas aí seria um outro texto, mais longo e cheio de palavras... (O tema é inesgotável e profundo. Naturalmente fiquei no raso, na superfície de um recorte).

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