Sergio Moro, um candidato sob suspeita

27/01/2022 12:38 - Blog do Celio Gomes
Por redação
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Pelo menos até agora, deu tudo errado para o juiz parcial da República de Curitiba. A essa altura do calendário eleitoral, Sergio Moro queria estar flutuando por aí, de plateia em plateia, de palanque em palanque, colhendo votos para tomar o poder pelas vias da política – a política que ele tanto combateu e criminalizou. 

Depois de surfar com a toga de super-herói, capaz até de atropelar as instâncias superiores do Judiciário, Moro tinha certeza que poderia voar ainda mais alto. Era o topo, e nada mais interessava ao caçador de corruptos, inimigo número um da corrupção. 

Quando os holofotes chegaram à Lava Jato, aí a farsa e o farsante já eram uma só entidade. Adorado na imprensa, o carrasco de Lula imaginou que, na campanha, era correr pra galera e pronto... A consagração. No auge da operação, era tratado como celebridade em restaurantes, aeroportos e variados convescotes.

Mas não é nada disso que vem embalando os dias do candidato a presidente pelo Podemos. No momento, Moro precisa dar explicações sobre sua relação suspeita com a empresa americana Alvarez & Marsal. O cara ganhou milhões atuando pela firma que lucra com a recuperação de empresas investigadas na Lava Jato!

E Moro diz que está tudo nos conformes. Ele anunciou para esta sexta-feira a publicação de quanto embolsou com o trabalho de consultor. Com esse tipo de demanda, o candidato encara uma agenda de alguém investigado por eventuais crimes, delitos que vão de tráfico de influência à corrupção passiva. 

Enquanto isso, nova pesquisa eleitoral Ipespe, divulgada nesta quinta, reafirma a liderança isolada de Lula, com real chance de vencer no primeiro turno. O petista tem 44% das intenções de voto contra 24% de Bolsonaro. Moro e Ciro Gomes aparecem com 8%, e João Doria tem 2%. Num eventual segundo turno, Lula bate fácil qualquer um dos adversários.

As turbulências de agora agravam as fragilidades de uma candidatura que, sob aspectos éticos, já nasceu claudicante. O destino do candidato Moro está completamente aberto. Não decola. Será acossado por acusações. Periga mesmo desistir do Planalto e disputar uma cadeira no Senado. Eleito senador, o ídolo dos garotões da nova direita garante imunidade parlamentar e foro especial. Tá de ótimo tamanho. Como na velha política!

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