Prossegue na tarde desta quarta-feira, 15, o julgamento de Cléa Fernanda Máximo da Silva, acusada de matar o marido, o italiano Carlo Ciccheli. O julgamento começou nesta manhã, no Fórum da Capital e está sendo conduzido pelo juiz Filipe Ferreira Munguba. A previsão é que a sentença saia até o final do dia.

A assessoria de Comunicação do Tribunal de Justiça informou que o magistrado explicou que, a princípio, o julgamento poderia ser mais extenso, já que foram arroladas 12 testemunhas, mas as partes concordaram em dispensar as testemunhas que não compareceram.

“Eu conversei previamente com a acusação e a defesa, eles vão conseguir manter a sessão do júri hoje independentemente da oitiva delas. Por isso que acho que ganharemos tempo e conseguiremos acabar na data de hoje”, disse Munguba.

O Ministério Público pedirá ao júri a condenação por homicídio duplamente qualificado e crime de ocultação de cadáver. O promotor Dênis Guimarães reafirmou que a motivação do crime teria sido financeira.

“Essa versão foi inclusive reconhecida pela própria ré, ela confessou no primeiro momento. [Posteriormente], se colocou que o crime teria sido ocorrido por conta do ritual de magia negra, em que a vítima teria pedido para que esse crime ocorresse em segundo momento, colocou ele vinculado ao crime de tráfico de drogas. Essas versões todas que surgiram ao longo do processo são da defesa”, argumentou Guimarães.

“Não existe dúvida nenhuma que ela cometeu esse crime motivada pela ganância financeira”, prosseguiu o promotor. “Após o cometimento desse crime com brutalidade, ainda ocultou o cadáver durante 40 dias dentro da própria residência”.

A advogada de defesa, Júlia Nunes, afirma que a defesa não apresentou versões divergentes, mas sim uma série de fatores que levaram ao assassinato. Ela elenca violências que teriam sido praticadas pelo marido contra a ré.

“A gente vai trazer a realidade através de provas e testemunhas que ela foi brutalmente vítima de violência durante muitos anos. Foi obrigada a fazer aborto, foi vítima de violência sexual, foi estuprada não uma ou duas vezes, mas inúmeras vezes”, disse a advogada.

Júlia Nunes sustentou ainda que Cléa sofria violência psicológica. “Existe a questão de que ele se dizia como bruxo, o que violentava bastante o psicológico dessa mulher que se sentia amedrontada a ponto dele poder saber até o que ela pensava. A gente trabalha para que no mínimo a pena seja justa, e a pena justa não é colocando a Cléa como uma mulher fria, calculista”.

O caso

O corpo de Carlo Cicchelli, foi encontrado no dia 05 de novembro de 2018, dentro da residência que ele dividia com a namorada, no bairro da Ponta Grossa, em Maceió. Carlo estava desaparecido desde setembro, quando manteve contato com a família pela última vez.

Após confessar ter matado o italiano e escondido o corpo por mais de um mês na casa alugada,  Clea afirmou, em depoimento, que era vítima de violência doméstica por parte da vítima, o que teria motivado o crime. Ela ficou presa no Presídio Santa Luzia, na parte alta da capital.

*Com assessoria