A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Alagoas deferiu o pedido de desaforamento do júri popular que julgará o réu Carlos Marlon Gomes Ribeiro pelo homicídio do vereador Fernando Aldo, em 2007. O crime ocorreu em Delmiro Gouveia, município de Alagoas, e o julgamento deverá ser numa vara criminal de Arapiraca.

De acordo com o Ministério Público (MP), o réu faria parte de organização criminosa conhecida como "Gangue Fardada". O MP afirmou que mesmo após passado todo esse tempo, a imagem do grupo armado perante a população do sertão ainda causa intimidação aos jurados, que podem ser influenciados.

Ainda conforme as informações, os desembargadores da Câmara Criminal acompanharam o voto do relator Washington Luiz Damasceno Freitas. No voto, o desembargador disse que ficou caracterizada a ameaça à imparcialidade do corpo de jurados, uma das hipóteses previstas no artigo 427 do Código de Processo Penal que autorizam o desaforamento.

“Percebe-se que, diversamente do apontado pela defesa, o pedido do Ministério Público, aderido pelo juízo de primeiro grau, não se encontra fundamentado em meras conjecturas, havendo relevantes indícios da forte influência tanto do acusado como da vítima no meio social, sendo mais prudente modificar a competência pelo desaforamento”, fundamentou Washington Luiz.

Carlos Marlon é acusado de homicídio duplamente qualificado e associação criminosa armada.

Outros denunciados pelo Ministério Público quanto a esse crime foram Eronildo Alves Barros, falecido em 2008; Dilson Alves, julgado e condenado em 2009, a 9 anos de reclusão; e Eliton Alves Barros, que em 2016, foi absolvido do homicídio e considerado culpado pelo Júri quanto à formação de quadrilha, porém o crime prescreveu.

O caso 

Fernando Aldo Gomes Brandão foi morto na madrugada de 01 de outubro de 2007, na cidade de Mata Grande, após participar de uma das maiores festa da região, o Mata Grande Fest.

Segundo o inquérito da Polícia Civil, por volta da 1 hora, Fernando Aldo deixou sua família no palanque da festa e disse que ia até o carro para descansar um pouco. Ao chegar ao veículo, notou que um dos pneus estava vazio e quando abriu a porta do carro foi rendido pelo soldado Marlon, que efetuou nove disparos de pistola nove milímetros.

De acordo com a Polícia, o crime seria praticado no dia anterior após a Missa do Vaqueiro, na cidade de Delmiro Gouveia, mas não foi consumado porque o vereador estava o tempo todo com o filho de seis anos no colo e os criminosos não teriam tido coragem de efetuar os disparos.
 

*Com TJ