Eu bebi até cerveja,disse o morador de rua, todo contente, que vestiu verde-amarelo e foi "patriota",por um dia.

09/09/2021 19:49 - Raízes da África
Por redação
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Ele é um cabra que traz delicadeza no discurso, quando não está apossado pelo álcool, que aos poucos vem descamando toda sua pele e engolindo a saúde, por inteiro.

É um sujeito alcoólatra, morador  em situação de rua, cujo alimento , vestimenta vem das doações diárias.

Seu canto de morada é um banco de praça, em uma  das áreas nobres da capital turística, Maceió. Sua presença causa incomodo a moradores.

E na, manhã quente do  emblemático, 7 de setembro, encontrei-o no meio da multidão, trajando verde-amarelo e de imediato indaguei, silenciosamente, de onde tinha vindo os  dinheiros para aquisição do uniforme.

Eu o vi e ele me avistou, atravessou  o aglomerado, abrindo os  braços  em um amistosa  recepção veio ao meu encontro. Fiquei  inquieta pelo gesto exacerbado , que despertou  atenção alheia , no  espaço não tão amistoso. Dei um olá e segui adiante, rumo à caminhada diária.

No "day after' , encontrei-o no mesmo banco, na mesma praça, no mesmo jardim, mas, nada estava igual , o cabra já não portava mais a camisa da “pátria’.

E curiosa parei no perguntar quanto tinha custado a camisa e ele, com a língua arrotando satisfação:- Eu ganhei, uma moça me deu, e não foi só isso. Teve muita comida, muito suco, refrigerante, até latinhas de cerveja tomei.

E passado os arroubos populares o cabra voltou a vidinha vulnerável, invisível que vive todo dia. A vida que causa incomodo à vizinha.

Mas, ele estava feliz. Foi 'patriota" por um dia!

 

 

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