Eu bebi até cerveja,disse o morador de rua, todo contente, que vestiu verde-amarelo e foi "patriota",por um dia.
Ele é um cabra que traz delicadeza no discurso, quando não está apossado pelo álcool, que aos poucos vem descamando toda sua pele e engolindo a saúde, por inteiro.
É um sujeito alcoólatra, morador em situação de rua, cujo alimento , vestimenta vem das doações diárias.
Seu canto de morada é um banco de praça, em uma das áreas nobres da capital turística, Maceió. Sua presença causa incomodo a moradores.
E na, manhã quente do emblemático, 7 de setembro, encontrei-o no meio da multidão, trajando verde-amarelo e de imediato indaguei, silenciosamente, de onde tinha vindo os dinheiros para aquisição do uniforme.
Eu o vi e ele me avistou, atravessou o aglomerado, abrindo os braços em um amistosa recepção veio ao meu encontro. Fiquei inquieta pelo gesto exacerbado , que despertou atenção alheia , no espaço não tão amistoso. Dei um olá e segui adiante, rumo à caminhada diária.
No "day after' , encontrei-o no mesmo banco, na mesma praça, no mesmo jardim, mas, nada estava igual , o cabra já não portava mais a camisa da “pátria’.
E curiosa parei no perguntar quanto tinha custado a camisa e ele, com a língua arrotando satisfação:- Eu ganhei, uma moça me deu, e não foi só isso. Teve muita comida, muito suco, refrigerante, até latinhas de cerveja tomei.
E passado os arroubos populares o cabra voltou a vidinha vulnerável, invisível que vive todo dia. A vida que causa incomodo à vizinha.
Mas, ele estava feliz. Foi 'patriota" por um dia!
Comentários
Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.
Carregando..