Bolsonaro "não tem apreço por limitações legais e tenta a todo custo trazer as PMS para seu lado", diz coronel

25/08/2021 10:22 - Voney Malta
Por redação
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16 meses até que termine o mandato do pior presidente que já governou o Brasil, capaz apenas de fabricar crises que nos toma o presente e põe sob risco o futuro.  

Mas, sempre há esperança diante do caos que Bolsonaro e filhos criam e tentam manter.  

Uma é a queda constante e consistente de sua popularidade, outra é a constatação de que há, sim, vida inteligente e profissional nas Forças Armadas e nas Polícias.

No jornal O Estado de S.Paulo, o coronel Glauco Carvalho, ex-comandante do Policiamento da cidade de São Paulo, em entrevista ao jornalsita Marcelo Godoy, é claro ao afirmar que o "Bolsonarismo tenta destruir todos os valores da corporação".

Consistente análise do militar ocorre após posicionamento do  também coronel Aleksander Lacerda, que convocou, nas redes sociais,  PMs bolsonaristas para ato do dia 7 de setembro na Avenida Paulista, que terá a presença do presidente Jair Bolsonaro.

Lacerda também criticou ministros do STF, chamou o governador João Doria (PSDB) de “cepa indiana”. Ele foi retirado do cargo nesta segunda-feira (23).  

Leia abaixo o resumo do que pensa o ex-comandante e leia aqui a entrevista na íntegra:

- "O coronel Aleksander é meu amigo. Foi meu aluno no Curso Superior de Polícia; é um bom oficial. A despeito disso, fico com a lei, com os princípios e os valores da instituição. Ele tem de ser severamente punido sob o ponto de vista administrativo e sob o ponto de vista penal-militar. Se não, vamos instalar a balbúrdia na instituição. O Brasil está de ponta-cabeça. É surreal. E vejo coronéis querendo contemporizar... A tropa precisa ver que o bumbo bate no pé direito."

- "Há segmentos que já não têm apreço pelo regramentos da instituição militar e defendem abertamente as manifestações de qualquer ordem. E outros, os mais próximos a mim, que entendem que houve excesso por parte do Aleksander, que ele deve sofrer as consequências de seu ato".

- "Fiquei 35 anos na ativa e estou há seis anos na reserva e nunca vi um coronel fazer qualquer tipo de manifestação nesse sentido. A esquerda em alguns momentos defendeu greves de PMs e, em algumas circunstâncias, defendeu ações ao arrepio do Código Penal Militar. Nesse momento, vemos como isso é perverso. O arrepio da lei pode se dar tanto para um lado quanto para outro".

- "Existe um descontentamento grande nos últimos anos em relação ao PSDB, assim como houve das Forças Armadas com o governo Lula. O descontentamento é legítimo e legal. O que não é legal é você pregar ações que fogem ao limite do legal e ao ordenamento jurídico, que podem colocar em xeque o estado democrático de direito".

- "nos últimos 40 anos uma parcela da esquerda “humilhou” as Polícias Militares, pois atribuíram a elas todas as mazelas pelas quais o País passa. Ser um militar de polícia passou a ser, de alguma maneira, motivo de vergonha e, num determinado momento, veio uma pessoa que disse: ‘Vocês são importantes, vocês têm um papel social importante’".

- "E essa pessoa acabou angariando a confiança de um segmento majoritário nas PMs. Chegamos a um momento em que a insatisfação decantou e ele (Jair Bolsonaro) se tornou o líder de uma causa. O bolsonarismo se alastrou. Tenho amigos que se tornaram defensores do presidente. É preciso entender o que aconteceu. Não basta só criticar as Polícias Militares. Precisamos tirar as PMs desse buraco. E o bolsonarismo usa de todos os instrumentos para instalar o caos".

- "Veja o Eduardo Bolsonaro. Ele usou o fato de PM ter o pior salário do Brasil e o uso de câmeras pelos policiais para que os PMs se insurjam contra o Doria. Ele usa um instrumento que vai mudar a PM em dez anos – o uso de câmeras – para criar clima de insubordinação. O bolsonarismo não tem institucionalidade, ele não tem limites, e tenta destruir todos os valores da instituição. É o que tem de mais indecente na vida pública do País".

- "O que me preocupa é a infiltração de ideologias que buscam a ruptura do quadro democrático. Precisamos coibir essas ações com muita firmeza sob pena de termos no Brasil uma tomada de poder por instituições policiais, como na Bolívia. O Bolsonaro não sabe o que é institucionalidade até porque saiu pela porta dos fundos. Servi dentro do Exército por três anos como oficial de ligação da Polícia Militar de São Paulo. Havia uma grande ojeriza ao capitão Bolsonaro. Não entendo o que aconteceu nesses 25 anos, pois se há uma pessoas despreparada para o exercício da função política e para a função militar, essa pessoa é Jair Bolsonaro. Ele não tem apreço por limitações legais e éticas e tenta a todo custo trazer as Polícias Militares para seu lado".

 

 

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