A proximidade do início da vacinação contra a Covid-19 para crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos em Alagoas tem levado pais e responsáveis a correrem em busca de mais informações sobre a imunização deste grupo que, por enquanto, só pode receber um dos imunizantes disponíveis no país: o da Pfizer. Conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS), somente na capital o número estimado de pessoas nessa faixa etária é de 101.914.
Segundo informações da SMS, a vacinação de menores de 18 anos só terá início após a aplicação da primeira dose para todo o público adulto. Possíveis mudanças no planejamento e na estrutura dos pontos de vacinação existentes hoje na cidade ainda estão sendo avaliadas, mas a tendência é que tudo seja mantido como está.
A pasta aguarda a normatização do Ministério da Saúde, que deverá estabelecer, dentro desse grupo, quem será vacinado prioritamente. Paralelamente, o Ministério Público Federal (MPF-AL), por meio do Grupo de Trabalho que acompanha o enfrentamento à Covid-19, expediu recomendação fixando um prazo de 48 horas úteis para que o Ministério da Saúde (MS) adote providências para a entrega das quatro unidades “ultrafrezzers” destinados ao armazenamento de vacinas contra Covid-19 que utilizam a plataforma de RNA mensageiro, caso da Pfizer.
A chegada dos equipamentos ao estado, essenciais para esse armazenamento, estava programada para maio deste ano, e a urgência agora se dá pela proximidade do início da vacinação de menores de 18 anos.
Programa Nacional
Também ouvida pelo CadaMinuto, a Assessoria de Imunização da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que segue as orientações da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunização (CGPNI), órgão vinculado ao MS que, por sua vez, é guiado por discussões em câmaras técnicas com especialistas da área, que atuam mediante embasamento científico.
Com isso, assim que a CGPNI altere, oficialmente, o Plano Nacional de Vacinação, incluindo crianças e adolescentes, Alagoas seguirá a recomendação, explicou a assessoria de Comunicação da Sesau.
Quanto ao quantitativo de adolescentes a serem vacinados em todo o estado de Alagoas ainda não há o número exato, pontuou a assessoria destacando que o número de doses enviadas pelo Governo Federal será baseado nos dados emitidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O MS já havia divulgado, desde o final de julho, a inclusão de adolescentes de 12 a 17 anos, com prioridade para aqueles com comorbidades, na campanha nacional de vacinação contra Covid-19, assim que concluída a distribuição de vacinas suficientes para aplicar, pelo menos, a primeira dose em toda a população adulta vacinável. Também está sendo analisada a redução do intervalo entre a primeira e a segunda doses da vacina Covid-19 da Pfizer
Palavra de especialista
Enquanto as questões burocráticas se desenrolam, o CadaMinuto entrevistou a alergista e imunologista Clarissa Soares Tavares sobre a nova etapa de vacinação em Alagoas e no país. Segundo ela, em geral não há contraindicações do imunizante para pacientes adolescentes.

“As reações, os efeitos colaterais que possam ocorrer são similares aos apresentados por alguns adultos, a exemplo de dor no local, dor muscular e febre baixa que se resolve em torno de 24 a 48 horas”, falou, explicando que a Pfizer foi a única empresa que testou as vacinas, no exterior, em adolescentes, por isso é a única liberada pela Anvisa para essa faixa etária no Brasil.
Para a médica, a tendência é que a vacinação seja estendida também para o público infantil, quando a população adolescente estiver toda vacinada, sendo colocada no calendário vacinal, principalmente pelo fato de estarem surgindo cada dia novos casos de pessoas mais jovens infectadas.
Questionada sobre a preocupação, levantada por alguns pais e responsáveis, de que imunizantes contra a Covid-19 que usam tecnologia de RNA mensageiro, como a vacina da Pfizer, possam provocar infertilidade ou outros problemas, a longo prazo, nos adolescentes, Clarissa respondeu que, embora não haja ainda estudo a longo prazo, ela acredita que isso não deve ocorrer, até porque outras vacinas com essa mesma tecnologia já são aplicadas no Brasil e no mundo, sem relatos de efeitos colaterais como esses citados.
“O que está havendo é muita conversa, muita especulação... O risco de a pessoa ter a doença e morrer é muito maior do que um efeito colateral que venha a acontecer no futuro, que eu creio que não”, finalizou.