Voto impresso, correspondência mais cara da história e a reação de deputados contra intimidação

10/08/2021 10:56 - Voney Malta
Por redação
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No mesmo dia da votação do voto impresso no plenário da Câmara dos Deputados, o desfile de militares, nesta terça-feira (10), na Esplanada dos Ministérios com o objetivo de entregar um convite para Jair Bolsonaro comparecer no dia 16 de agosto ao Campo de Instrução de Formosa (CIF), em Goiáso - onde é feito anualmente desde 1988, um grande treinamento da Marinha -, foi bastante criticado.

"Hoje vamos assistir à entrega de correspondência mais cara da história: um desfile militar para entregar um mero convite ao presidente da República. O pretexto é tão absurdo quanto o fato", publicou em sua rede social o governador do Maranhão Flávio Dino (leia aqui na íntegra).

A decisão do desfile foi tomada pelo presidente após a derrota do voto impresso numa votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara na semana passada.

Mas será que para intimidar, ameaçar, constranger?  

Se sim aparenta ter sido um tiro n'água porque expõe também as Forças Armadas.

Um bilhão de votos já foram contados para vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidentes, em 25 anos. Apenas o atual presidente ataca a lisura das urnas eletrônicas.

E de acordo com levantamento do repórter Gabriel Barreira, pulicado no blog do Octavio Guedes, no G1 (leia aqui), Jair Bolsonaro e os seus "familiares foram eleitos 19 vezes, o que garantiu 76 anos de mandatos para o clã. Quase um século de salários garantidos. Salários dos parlamentares eleitos pela franquia política com a marca Bolsonaro, além dos ganhos de assessores nomeados, obrigados a fazer rachadinha segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro."

Resta claríssimo que o presidente quer tumultuar o processo. Portanto, quer intimidar, atacar, golpear a democracia, o processo político brasileiro, inclusive usando robôs e aliados nas redes sociais para pressionar parlamentares.  

Porém, também essa estratégia não está dando certo.

"Cada mensagem agressiva e arrogante que recebo para votar pelo tal “voto impresso auditável” - seja lá o que isso significa - mais convicção tenho do meu voto contra! Se estou contra essa gente é porque estou ao lado da Democracia. Não gastem energia comigo. Voto contra!", tuitou o vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM):  

O mesmo raciocínio foi seguido pelo deputado Nereu Crispim (PSL-RS): "Depois de receber varias ameaças querendo me impor a votar a favor do voto impresso acabei de tomar uma decisão! Voto contra! Essa proposta está contaminada de autoritarismo, tirania e ódio! Se zelassem pela democracia, até poderia avaliar! Brasil acima de todos".

 

 

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