Entre os meses de fevereiro e julho deste ano, durante as ações de fiscalização em estabelecimentos localizados na capital alagoana, a Vigilância Sanitária de Maceió apreendeu 29 toneladas de alimentos impróprios para o consumo humano. Segundo a assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no mesmo período, em 2020, foram apreendidos aproximadamente 1.500 quilos de alimentos nessas condições.
Trata-se de um aumento de quase 2.000% entre o primeiro semestre do ano passado e o primeiro semestre deste ano.
Entre 30% e 40% das ações de fiscalização são geradas a partir de denúncias recebidas. Já as outras ações são decorrentes da fiscalização de rotina, explicou a assessoria.
Do total de apreensões no período, as carnes foram os alimentos onde a fiscalização identificou maior número de irregularidades, com 22 toneladas recolhidas. Os outros itens com maior volume de apreensão foram os derivados do leite.
Nas operações de fiscalização, tanto nos supermercados de maior porte quanto nos mercadinhos, os fiscais destacaram que o maior número de infrações está relacionado a alimentos com prazo de validade vencido.
A maior parte dos produtos apreendidos é descartada no Aterro Sanitário de Maceió, no Benedito Bentes II, e outros 5% são levados ao Parque Municipal para alimentação dos jacarés.
Seis mil visitas
Os estabelecimentos infratores são punidos com multas que variam de R$ 180,00 a R$ 19 mil, dependendo do caso. “Quando a situação não apresenta grave risco sanitário, o estabelecimento é apenas notificado para adequações”, acrescentou a SMS.
A Vigilância fiscaliza mais de 80 segmentos, sendo a maioria supermercados e panificações, que são os estabelecimentos encontrados em maior quantidade em Maceió, pontuou a assessoria, destacando ainda que no período de fevereiro a julho deste ano foram feitas seis mil visitas de inspeção e 4.500 estabelecimentos foram fiscalizados.
Quanto ao bairro que apresenta maior volume de apreensões, a assessoria comentou que, nesses primeiros meses de 2021, a maior incidência de irregularidades foi registrada na parte alta da cidade.
Riscos à saúde
Em entrevista ao CadaMinuto, o médico gastroenterologista José Carlos de Albuquerque alertou que “todos os alimentos consumidos inadequados, deteriorados, sejam crustáceos, carnes, enlatados ou laticínios, podem determinar quadros graves de toxinfecção alimentar (doença transmitida por alimentos contaminados por microrganismos patogênicos que produzirão toxinas no trato gastrointestinal), com manifestações que podem levar a desidratação grave e até ao óbito”.
Segundo ele, os sintomas mais comuns da toxinfecção alimentar são náuseas, vômitos, diarreia, febre e dores abdominais.
O médico acrescentando que, como em todas as doenças, os idosos com comorbidades são mais suscetíveis a desenvolver quadros mais graves de toxinfecção alimentar.
Descuido
A profissional liberal Marcela (nome fictício, a pedido da entrevistada) comentou que passou um grande susto ao dar para seu filho um alimento estragado. Ela comentou que comprou um leite num estabelecimento perto de sua casa e assim que chegou à residência preparou o lanche da criança e não observou a data de validade do alimento.
“Sempre tive o hábito de simplesmente pegar o produto na prateleira, confiando que o estabelecimento não colocaria nada fora da validade ou impróprio para consumo à venda, mas infelizmente descobri que isso não é verdade. Agora, não compro absolutamente nada, nenhum produto, sem checar a data de validade e seus aspectos físicos. Demoro mais para concluir a feira, mas é um preço baixo a pagar diante da saúde da minha família”, disse Marcela.
Qualquer cidadão pode formular denúncia à Vigilância Sanitária por meio do telefone 3312-5495.