Ela é uma mulher preta,  com idade em torno dos 40 anos e traz os  muitos fios dos  cabelos, milimetricamente , repuxados em um coque.

O cenário é um ponto de ónibus da capital Maceió, e a mulher e seu tom da voz elevado  são protagonistas  de uma conversa compartilhada,  com as pessoas que estão no entorno.

Ela é uma mulher preta e reproduz o racismo, de uma forma natural, como um apêndice necrosado.

-Já é difícil arrumar trabalho na minha idade, imagina se eu sair com  os cabelos desarrumados ( e sem nenhuma discrição lançou um olhar crítico para meu pixaim).

Eu ri, um riso íntimo, para dentro.

- Ainda bem que meu filho nasceu com o cabelo bom! - falou satisfeita, a mulher preta , com  os fios dos  cabelos, milimetricamente , firmemente repuxados em um coque.

O racismo é um camaleão poliglota!