Ela, na infância entre os 10 e os 11 anos, observando uma vizinha , começou a trançar os fios do tricô, com dois palitos e uns cordões de amarrar saco de pão. Mas, daí chegaram outros tempos da vida: tempo do casar, parir filhos, descasar, criar filhos, e , no carretel de compromissos cotidianos , o tricô ficou em segundo plano, até que veio a pandemia, e os espaços vazios de pessoas, o isolamento...
A menina, agora mulher, redescobriu pontos e agulhas mágicas ( aposentando os palitos e o cordão de amarrar saco de pão,da infância) , no tricotar para agasalhar o inverno silencioso da pandemia , e também, principalmente aplacar a sensação do ninho vazio, da profundezas da saudade dos filhos.
O tricô redespertou a mulher para a vida.
Foi uma das milhares de pessoas, contaminadas pelo vírus: -Sim, tive muito medo.-confessa, mas sobrevivi e por isso agradeço ao Universo essa bênção.
Tricotar é um hobby, uma terapia, uma forma de reconectar-se com a vida, pessoas. É reinventar caminhos íntimos, através das toucas, casaquinhos, tapetes, que criam formas no realimentar afetos.
E, dia destes, ela entrelaçou fios amarelos, cheios de glamour e todo bordado com o brilho do ouro de Oxum, e me deu de presente .Um turbante.
-Fiz, com muito carinho. Que bom que você gostou!- diz ela
-Eu adorei a lembrança feito carícia na alma da gente.
Obrigada, Giselda Correia!