Anin Urase é pan-africanista de orientação garveysta, mulherista africana, afrocentrada. Uma afrikana em diáspora em eterna busca de suas origens. Compartilhadora de pensamentos baseados nas leituras afrocentradas. "Nada criei, sou só uma propagandista de ideias' e quando Anin fala é importante ouvi-la.
Fala Anin:
"Saber-se preto, conhecer a própria história, resgatar práticas culturais... Tudo isso é muitíssimo importante e fundamental para despertar e aprofundar a consciência racial. Num país em que descendentes de africanos se autodeclaram "morenos" e "latinos", ter consciência racial é quase um luxo.
Mas isso não faz de ninguém um militante.
Um militante CONSTRÓI POLITICAMENTE. Do ponto de vista pan- africanista, um militante necessariamente compõe organizações. Desenvolve ações que transformam a vida dos seus. Estuda. Tensiona e (às vezes) dialoga com as instituições de poder. Faz articulações com grupos pretos de vários locais do país e do mundo. Gera recursos para o fomento de ações coletivas. Desenvolve não só ações pontuais, mas executa um planejamento de curto, médio e longo prazo.
Fazer discursos e posts na Internet, pura e simplesmente, são expressões legítimas de pessoas com consciência racial, mas não é militância. E não tem problema não ser, não é um demérito. Só não é.
O que vem acontecendo é que até festas pontuais a gente tem chamado de militância. Uma festa pode até ser um meio para alcançar um objetivo dentro de um planejamento político maior. Mas a festa em si mesma... É só uma festa, gente.
Talvez uma das lições que fique dos últimos episódios é que ter consciência racial é só o começo de tudo que a gente precisa. A gente tem muita guerra pra fazer contra os senhores da nossa desgraça, mas ainda estamos tropeçando em nossas próprias pernas sem saber discernir o que é o que!
Que orixá nos dê discernimento! Para que saibamos diferenciar o que é estudo, trabalho, diversão, consciência racial... militância e construção política!"
Fonte: Facebook da Anin