Fico cismando da janela contando todos os gatos pardos

22/10/2020 17:30 - Raízes da África
Por redação
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Faço resgate,do papel amarelado, de um poemeto que escrevi em tempos outros , nos idos dos anos 80. Morava eu em Belém do Pará, a cidade morena.

Cismando

Passo noites sem dormir

olhando o movimento do mundo.

Minha mãe escreve carta pungente falando de saudades.

Não sei o que fazer neste sábado noturno,

sem dinheiro no bolso.

Meu amor citadino tem cio de rua/

compenetrado veste roupa de festa e vai à porta.

Fico cismando da janela contando todos os gatos pardos  

ciscando em terreiros alheios.

A nostalgia de dias outros invade esta noite/

faço força para não chorar o sal da vida.

Ânsias de sair correndo e meter o pé na lama.

A tristeza cabisbaixa cisma com o sonho.

Arísia Barros

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