-Você é uma bruxa?-pergunta a moça.
Encontro a moça em um canto qualquer do mundo. Eu e ela ocupamos mesas, em universos paralelos de caminhos e vivências. É a primeira vez, depois de 7 meses de um exaustivo tempo, entre as paredes da casa, que sento em uma mesa ,ao ar livre.
Horas assim, na tarde solada, depois de muito jogar palavras ao vento , dirijo-me até a mesa da moça e iniciamos uma conversa de reconhecimentos.
Nunca a vi , mas, conto-lhe da necessidade do auto-cuidado ( ela suspira) . Digo-lhe que ela precisa cuidar da alma que travada, esmaga caminhos.
Falo sobre um episódio que sofreu na adolescência e que emudecido se transforma em monstros noturnos e cotidianos.
-Como você sabe disso tudo? Não te falei nada- ela assusta. Afirmo que nem sempre é necessário a verbalização para a escuta de almas alheias.
-Você é uma bruxa?- ela pergunta.
Rio e reafirmo da necessidade dela se cuidar. Mostra preocupação, pois, não sabe a quem procurar. Entro em contato com minha amiga Telma, para obter contatos sobre o Alô Saúde Mental, do governo do estado.
Ela protamente e responde e compartilho os contatos com a moça . E depois de muitas palavras faladeiras de vida, nos despedimos.
Ela agradece e se vai. Sigo meu caminho tecendo teias de aconchegos, gratidão e energias espirituais.
Torço , de verdade, para que a moça se cuide.
Atotô!
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