A pan-africanista de orientação garveysta, mulherista africana, afrikana em diáspora, Anin Urasse escreve:

"Dizem que o mulherismo não é uma invenção teórica, mas a constatação de uma prática tradicionalmente africana. Feminina. Africanamente feminina.  

Tem coisa mais africana - e feminina - que um bando de mulher preta que sai as ruas, abre as portas de sua casa... Pra alimentar seu povo?

"Olha, venha aqui em casa que amanhã tem caruru, viu?"

Tá bonito de ver os preparativos, os saquinhos de doce, as quentinhas... Com máscara, álcool em gel, e persistência!  

Persistência das mais velhas, mas tambem daquelas que, seguindo as suas mais velhas... Decidiram não deixar a tradição morrer.

Há, ainda, uma geração de mulheres de saia rodada, turbante na cabeça, mão na cintura e balaio na cabeça nas ruas. Mulheres que não se esqueceram da rua, que é na rua que nosso povo está. Não se iludiram com terninhos e apostilas!  

Vocês me emocionam!

Lembrar, escrever, estudar e pesquisar sobre o significado de tudo isso é importante, mas mais importante ainda é manter vivo!  

Há várias modas aí... Várias "bruxas" (rsss) Mas quando a moda passar, essas são as mulheres que continuarão mantendo vivo o legado e o segredo que nossas mais velhas lhes confiaram. Não é só sobre comida!

E se você é aquela do "minha avó fazia", seja a continuação do legado da sua avó! Honrar nossa ancestralidade não é uma hashtag ou uma lembrança!  

Meus respeitos e admiração a todas as mulheres pretas que, nesse final de semana, optaram - mais uma vez - por manter o legado africano vivo!

Vumbora cozinhar e embalar doce, minha gente!