Mesmo em um ambiente desafiador, o começo dos anos 2000 foram tempos institucionais substantivos de enredos pretos, realização de muitos ações/encontros afros que envolviam e nutriam com novas narrativas de pertencimento, gentes e instituições, em Alagoas.
Gentes e instituições, em Alagoas, que orbitavam em torno das questões de desconstrução do racismo institucional e estrutural.
Foi o auge da Lei nº10.639/03 que tornou Alagoas referência nacional,na aplicabilidade da legislação,em 2004.
Tempos áureos, da sanção da Lei estadual 6.814/07. Alagoas foi o segundo a estadualizar a Lei nº10.639/03.
Tempos institucionais de reinterpretar a identidade, como questão racial e reunir, bimestralmente ( com chuva ou sol) representações , das escolas do estado todinho,no auditório Aqualtune (lotado),no Palácio República dos Palmares, sede do governo focando esforços de realimentar e inspirar passos.
2006 eram tempos findos de um governo e com a eleição batendo à porta trazia com ela novas concepções governamentais que poderiam extinguir todo processo afro conquistado.
Não há solução de continuidade entre governos.
Na época estava eu, a frente do Núcleo Temático Identidade Negra da Secretaria de Estado da Educação e ao saber que o advogado Geminiano Jurema era o coordenador da campanha de Teo Vilela, ao governo, procurei-o e disse que gostaria de apresentar o projeto racial da SEE ao candidato, buscando assim criar compromisso de continuidade.
Esbocei todo projeto, marquei data, estabeleci público e ele retrucou:- Mas, é daqui há uma semana e você não tem condições de juntar 200 pessoas.
Pedi-lhe, apenas, que garantisse a participação do candidato,e, em um jantar , que aconteceu em um espaço no bairro do Pinheiro-Farol ,juntamos quase 300 professor@s do estado todo.
Foi uma noite magnifica. Teo infelizmente não foi. Dr. Vanderley foi como representante, mas, o que nos deixou bem feliz é que conseguimos manter o Núcleo na SEE, que depois foi transformado ( na gestão de Fábio Farias) em Gerência de Educação Étnico-Racial.
A Gerência de Educação Étnico-Racial, que tinha reconhecimento nacional e conduzida por uma mulher preta a começou a incomodar (sabe como é que é,né?) e a pressão, perseguição orquestrada foi iniciada.
Geminiano Jurema foi um dos parceiros , que tentou conter a força do chicote, ( mas, o poder tudo pode).
Foi Geminiano Jurema quem me falou e apresentou a Dom. Antonio Muniz, o arcepisbo de Maceió.
Estive com Dom Antonio (assim que chegou a Alagoas),em sua primeira missa no estado realizada em uma aldeia indigena e tivemos um bom diálogo com a realização de muitas e tantas missas afros, na Capela São Gonçalo e na Catedral Metropolitana ( mas, isso é outra história).
Tudo isso é para falar sobre o advogado Geminiano Jurema, esse cabra que apesar das diferenças foi ponte substantiva para que eu pudesse s caminhar, alçar voos.
E gratidão é palavra de ordem.
Obrigada, parceiro. Guardo você, com carinho, no lado esquerdo do peito.
E cadê, tu Geminiano Jurema? Tenho saudades, seu cabra.