Ronaldo Lessa, Alfredo Gaspar e os detalhes da política

25/08/2020 11:28 - Voney Malta
Por redação
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Em 2012 o ex-prefeito de Maceió e também ex-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa (PDT), era candidato a prefeito da capital. Ele tinha o apoio dos senadores Fernando Collor, Renan Calheiros, do então prefeito Cícero Almeida, de deputados federais como João Lyra e até do ex-presidente Lula - que dizem que nessa época não gostava de Lessa.  

Durante toda a campanha eleitoral ele teve a sua candidatura bombardeada com fatos negativos quanto a sua inelegibilidade. Todos os dias surgiam questionamentos oriundos do Ministério Público, dos adversários e da Justiça Eleitoral. Um bombardeio.

O crime era uma multa aplicada pela Justiça Eleitoral paga com atraso  de 20 dias após ter feito o registro de sua candidatura, em 5 de julho. Por fim, após condenação em Alagoas o TSE entendeu que, para ser elegível, o cidadão tem de estar em dia com a Justiça Eleitoral no momento em que registra sua candidatura.

Ronaldo Lessa teve a sua candidatura impugnada. Cabia recurso, mas uma candidatura com questionamentos desse tipo é inviável. Uma nova chapa foi formada com Jurandir Boía e como a decisão saiu em cima da hora sequer houve tempo para mudar a foto da urna eletrônica, que permanecia com a de Lessa. Rui Palmeira foi eleito.

Contam os bastidores que os questionamentos jurídicos contra o candidato do PDT foram orquestrados por um dos poderosos que apoiava Ronaldo Lessa. Os motivos: Raiva antiga, evitar que o ex-governador voltasse a ter o controle da máquina pública da capital e tirar do circuito a ambição dele de se candidatar outra vez ao Senado. Além do mais, por todos os problemas já não mais era um "investimento" viável.

Além da perda política Ronaldo Lessa ainda teve prejuízo financeiro. As promessas feitas pelo grupo de que bancaria as despesas com o marketing da campanha, assessoria jurídica, entre outras despesas, não foram cumpridas. O débito foi quitado durante alguns anos pelo próprio ex-candidato.

Por isso é importante olhar para o passado e tentar entender o presente e o futuro.  

Dizem que o prefeito Rui Palmeira já decidiu que Tacio Melo (Podemos) é o seu escolhido para ser o vice de Alfredo Gaspar (MDB), candidato dos Calheiros na disputa pela Prefeitura de Maceió.

Rui e Tacio, em campanhas anteriores, agrediram duramente, violentamente, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Vídeos mostram isso. Dizem que restou grande mágoa.  

Rui quer ser candidato ao governo em 2022. O governador Renan Filho a senador. Renan Calheiros ainda terá mais quatro anos de mandato, portanto, estará despreocupado.

A chance de Alfredo Gaspar ser eleito é grande. Contudo, precisa ficar atento aos interesses pessoais em jogo.  

Como revelam as pesquisas, se não existir apoio integral do prefeito, do governador, do senador e mobilização total da máquina pública, dentro do que é permitido pela legislação, reconhecendo e aceitando uma candidatura, a história de Ronaldo Lessa poderá ter semelhanças com a que está sendo escrita agora.

Político profissional só sobrevive se souber esconder mágoa, se entender que união ou afastamento de atuais, de novos ou de velhos aliados depende do objetivo traçado, e se na hora certa souber se vingar daqueles que foram adversários um dia, ou daqueles que poderão ser no futuro.

Talvez solitário nesse ramo, Alfredo Gaspar precisa ficar atento aos detalhes.

 

 

 

 

 

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