"O silenciamento social sobre os abusos que mulheres sofrem nas corporações militares precisa ser quebrado"- diz a Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros, Camila Paiva.

22/07/2020 10:19 - Raízes da África
Por redação
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Na quinta-feira (16/7) ,um agente da Polícia Militar  do Ceará afirmou em um  áudio,  em grupo no WhatsApp, do  11º Batalhão de Polícia Militar, que as mulheres policiais  deveriam ter como missão tirar o estresse dos homens da corporação, ou   resolver a ‘parada'”.  

As mensagens viralizaram nas redes  e  despertaram  a indignação de mulheres militares,do Brasil, dentre elas a alagoana Tenente  Coronel Camila Paiva, a primeira oficial feminina do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas.

Camila afirma que a cultura machista muito predominante nas corporações militares do Brasil todinho dá o tom às relações interpessoais no ambiente de trabalho, e o assédio moral, importunação sexual, não são fatos pontuais, acontecem, cotidinianamente e ,são silenciados.

De um lado há multiplicação  de casos de assédios e do outro a subtração de denúncias. As mulheres assediadas  esbarram na tríade: hierarquia, medo e silêncio .

A maioria das mulheres profissionais são encurraladas pelas normas rígidas da  disciplina militar , que norteiam a conduta dos membros da Polícia Militar, e amordaçadas pelo medo de confrontar a estrutura verticalizada, pautada numa hierarquia de poder, de homens, muitos assediadores costumazes.

Em seu cotidiano de trabalho mulheres militares brasileiras sofrem assédio moral e sexual e quando recusam o "convite" são ameaçadas,  intimidadas, perseguidas e punidas  , às vezes, por mecanismos do próprio regimento da corporação.

E nas corporações como  um universo originalmente masculino, à luz das relações de poder e de gênero , as  mulheres policiais militares brasileiras  são esteriotipadas pelo  machismo,homofobia. Se  vão   pela via da feminilização, são fracas e putas. Se ao contrário incorporam o padrão masculino são sapatão.

O assédio moral, a importunação sexual, a humilhação  andam em  descompassos com a disciplina militar e causam sofrimento psíquico , afetam a auto-estima,provocam suicídios, nas mulheres policiais brasileiras.

Além do machismo institucionalizado  existe também o racismo estrutural,conta Camila, afirmando que: " entre as oficiais combatentes não há nenhuma preta e essa  baixa participação de pretas é um retrato da sociedade, e dos espaços de privilégios."

A saúde mental da mulher policial está sempre em uma corda bamba.

É urgente que as  organizações policiais brasileiras definam estratégias políticas  para mediar as relações de poder e mando, com foco na igualdade e no respeito de gênero

E o silenciamento  social sobre os abusos que  mulheres sofrem  nas corporações militares precisa ser quebrado- diz a Tenente  Coronel do Corpo de Bombeiros, Camila Paiva.

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