"O silenciamento social sobre os abusos que mulheres sofrem nas corporações militares precisa ser quebrado"- diz a Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros, Camila Paiva.
Na quinta-feira (16/7) ,um agente da Polícia Militar do Ceará afirmou em um áudio, em grupo no WhatsApp, do 11º Batalhão de Polícia Militar, que as mulheres policiais deveriam ter como missão tirar o estresse dos homens da corporação, ou resolver a ‘parada'”.
As mensagens viralizaram nas redes e despertaram a indignação de mulheres militares,do Brasil, dentre elas a alagoana Tenente Coronel Camila Paiva, a primeira oficial feminina do Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas.
Camila afirma que a cultura machista muito predominante nas corporações militares do Brasil todinho dá o tom às relações interpessoais no ambiente de trabalho, e o assédio moral, importunação sexual, não são fatos pontuais, acontecem, cotidinianamente e ,são silenciados.
De um lado há multiplicação de casos de assédios e do outro a subtração de denúncias. As mulheres assediadas esbarram na tríade: hierarquia, medo e silêncio .
A maioria das mulheres profissionais são encurraladas pelas normas rígidas da disciplina militar , que norteiam a conduta dos membros da Polícia Militar, e amordaçadas pelo medo de confrontar a estrutura verticalizada, pautada numa hierarquia de poder, de homens, muitos assediadores costumazes.
Em seu cotidiano de trabalho mulheres militares brasileiras sofrem assédio moral e sexual e quando recusam o "convite" são ameaçadas, intimidadas, perseguidas e punidas , às vezes, por mecanismos do próprio regimento da corporação.
E nas corporações como um universo originalmente masculino, à luz das relações de poder e de gênero , as mulheres policiais militares brasileiras são esteriotipadas pelo machismo,homofobia. Se vão pela via da feminilização, são fracas e putas. Se ao contrário incorporam o padrão masculino são sapatão.
O assédio moral, a importunação sexual, a humilhação andam em descompassos com a disciplina militar e causam sofrimento psíquico , afetam a auto-estima,provocam suicídios, nas mulheres policiais brasileiras.
Além do machismo institucionalizado existe também o racismo estrutural,conta Camila, afirmando que: " entre as oficiais combatentes não há nenhuma preta e essa baixa participação de pretas é um retrato da sociedade, e dos espaços de privilégios."
A saúde mental da mulher policial está sempre em uma corda bamba.
É urgente que as organizações policiais brasileiras definam estratégias políticas para mediar as relações de poder e mando, com foco na igualdade e no respeito de gênero
E o silenciamento social sobre os abusos que mulheres sofrem nas corporações militares precisa ser quebrado- diz a Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros, Camila Paiva.
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