Tempos de isolamento social. É manhã de segunda-feira,e estou em meu apartamento quando ouço o interfone chamar, insistentemente. Atendo, e o carteiro anuncia correspondência, no portão principal do prédio.
O prédio onde moro fica localizado em uma área valorizada da capital. Há uma certa hegemonia na cor d@s morador@s e das empregadas domésticas.
Aviso que atenderei em breve. É todo um protocolo de vestir roupa, colocar máscara e pegar o álcool 70.
Saio para receber a correspondencia, ao me ver o carteiro pergunta:- É a senhora, a dona da casa?
-Para quem é endereçado?-rebato reinterpretando o questionamento invasivo.
Ouço-o dizer meu nome e assevero:- Sim, sou eu mesma!
Ele me entrega a caixa olhando miúdo e se vai.
E daí fico matutando desse imaginário social exclusivo sobre don@s de imóveis.
Eis, a sutileza mordaz do racismo estrutural.
Racismo estrutural!