Ela, uma mulher branca, promotora de justiça, no Ministério Público Estadual de Alagoas,espectadora do cotidiano e me dizia áspera. Alertei que a aspereza do racismo é secular e não incomoda quase ninguém.
Depois ela disse ser eu incisiva, uma mulher de palavras duras. Retomei a fala no dizer que a rudeza do racismo estrutural é atemporal, e em muitos momentos, há que assumir a contundência, a abruptalidade, como forma de ocupação de espaços .
E que a palavra feito estilingue conta narrativas/ vivências antigas, urgentes e necessárias. Palavra utilitária para demarcar territórios, destravar ferrolhos enferrujados pelo racismo estrutural e estruturante, em gentes e instituições.
Racismo estrutural que reina soberano, nos muitos pedaços de chão das terras das Alagoas de Palmares, apesar das muitas lives...
Ela é uma mulher branca, promotora do Ministério Público em Alagoas e aponta caminhos meus , respondo-lhe que é fácil e cômodo, para quem tem privilégios da branquitude falar em opressão da palavra preta. Digo-lhe que o racismo me deseducou, faz um tempo pregado na folhinha, e a delicadeza que o mundo exige que tenhamos, é tranvestida de subserviência.
Foram tempos longos de reflexão sobre a nudez , crueldade do racismo e as crateras de desigualdades que vão sendo escavadas em corpos,cabeças e histórias de muitas vidas, e um dia (eureka!) as palavras reverberaram (eco!eco!eco!) nas encruzilhadas de saberes, encurtando distâncias, e ela decidiu pelo auto-desafio de fazer a escuta plural.
Olhar o mundo, a partir, e para além da geografia particular, reconhecendo privilégios e reagindo para ir além da hashtag # não sou racista, ou #vidaspretasimportam ” .
Ela, a mulher branca promotora do Ministério Público se auto-desafia, no investir em um processo reflexivo, para a aprendizagem sobre branquitude,opressão,privilégios. Lições que tragam entendimento na luta contra o racismo estrutural e na proposta do antirracismo.
-"Tenho aprendido muito sobre racismo estrutural, com você, Arísia Barros'-afirmou a promotora de justiça
Obrigada, Alexandra Beurlen!
Quer saber mais?
Acessa o link : https://www.youtube.com/watch?v=vs2y-tRNNwQ

Raízes da África