Depois que um estudo feito por cientistas da Universidade de Oxford mostrou que a dexametasona, um corticoide comumente receitado, pode ser o primeiro remédio comprovadamente eficaz para reduzir a mortalidade do novo coronavírus, a médica especializada em Infectologia e diretora do Hospital da Mulher, Sarah Dominique, explicou ao Cada Minuto, que este medicamento deve ser utilizado apenas em casos graves da doença e quando o paciente está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e alertou que o uso da droga em fase inicial, poderá trazer sérias complicações.
“O corticoide, do tipo dexametasona, utilizado para tratamento das complicações da Covid, deve ser ministrado apenas em pacientes graves, entubados, que precisam do suporte ventilatório artificial em ambiente da terapia intensiva e também pacientes que estão fora deste ambiente, mas que demandam algum suporte de oxigênio”, explicou a médica.
De acordo com Sarah, fazer o uso deste ou qualquer outro tipo de medicamento que contenha corticoide na fase inicial da doença, poderá proporcionar sérias complicações que poderiam terem sido evitadas.
“A dexametasona não é para ser utilizado em pacientes que estão na fase inicial, pois o uso de corticoide na fase inicial de uma doença infeciosa, seja ela qualquer doença infeciosa, viral, bacteriana, qualquer uma, piora o quadro clinico, pois aumenta a replicação do vírus e aumenta a capacidade de instalação da doença no corpo”, alertou.
A infectologista foi além das orientações básicas e explicou que o a dexametasona é um corticoide, muito conhecido pela população e que a depender da dosagem utilizada no paciente, as funções podem ser modificadas.
“A dose que a gente utiliza para esse tipo de tratamento em doença infecciosa pode ser uma dose anti-inflamatória, assim como pode ser uma dose imunossupressora. Essa dose imunossupressora ela significa que você vai usar uma dose tão alta que você vai comprimir, você vai controlar o sistema imunológico para uma determinada função”.
Sarah que é docente da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), salientou também que a dexametasona não é utilizada para tratar a Covid-19, mas sim para dar suporte nesse tratamento, e em especial, no aspecto inflamatório da doença.
“Se o dano pulmonar chegou em um ponto em que você precisa de oxigênio suplementar, pois o oxigênio oferecido no ar ambiente, que é de uma fração de 21%, não é suficiente para te manter vivo, você precisa reduzir a inflamação, pois as camadas de célula dentro do pulmão, por onde a gente realiza a troca gasosa, é onde estão os processos inflamatórios, então o uso da dexametasona vem para enxugar esse processo inflamatório, colocar essa inflamação de volta para os vasos sanguíneos, fazendo com que o paciente possa melhorar sua respiração e consequentemente não fazer mais uso da respiração artificial”.
Por fim, a especialista disse que o vírus proporciona um estimulo inflamatório e quem responde a esse estimula é o organismo. “O corticoide graças a Deus traz essa resposta para os pacientes que estão na UTI onde o processo inflamatório é tão intenso que atrapalha a oxigenação do paciente”, finalizou Dominique.
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