O menino aproveitou uma brecha do portão da casa e fugiu porta afora.
A mãe, sem mais a energia da infância, corria atrás do menino, que deliciava-se com a liberdade repentina. Corria de braços abertos como a abraçar o mundo todo.
Uma hora, depois de traquinar, olhou para trás e lançou o veredicto: agora podemos voltar.
Como se a fuga tivesse sido planejada a dois.
E daí ligo para o menino e pergunto o porquê da fuga..
Ele responde: -Arísia Barros eu caí do céu e quebrei as asas, agora não tenho mais asas. Só posso voar se for de avião.
Tão bonito,profético e poético.
O menino aos três anos transforma o isolamento social em uma metáfora invertida.
Voar!

Raízes da África