Um estudo realizado pelo professor Dr. Pedro de Lemos Menezes, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), em conjunto com pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP) e da Universidade de Oxford, na Inglaterra, aponta que o Brasil se projeta como próximo epicentro global da pandemia.

De acordo com a pesquisa, iniciada mês passado e publicada on line dia 5 de maio, a curva da Covid-19 no Brasil segue o mesmo ritmo de crescimento dos Estados Unidos, hoje o país mais afetado pela pandemia, com mais de 90 mil mortes.

De acordo com o Prof. Dr. Pedro de Lemos Menezes, o modelo matemático utilizado na pesquisa aposta que o número de mortos pode passar de 30 mil em junho. “Infelizmente o Brasil tende a chegar aonde os Estados Unidos estavam até pouco tempo se medidas mais sérias não forem adotadas e isso passa pelo isolamento da população”, afirmou o professor.

Segundo ele, a pesquisa teve como objetivo comparar o avanço inicial da doença no Brasil e nos Estados Unidos. Foram comparados os óbitos a partir do quinto dia de registro até o 31º dia. “Comparamos esse período no Brasil e EUA e o modelo de regressão, que na estatística é um modelo simples de ser realizado, além disso, a correlação do crescimento da mortalidade entre esses dois países é de 99,8%, corrigidos os dois eixos cartesianos. 

Isso nos levar a dizer que o Brasil tem uma alta probabilidade de ser o próximo epicentro”, completou o pesquisador, doutor em Física Aplicada à Medicina e Biologia e coordenador do Laboratório de Audição e Tecnologia da Uncisal (Latec).

Ele lembra que o estudo surgiu pela curiosidade em compreender a realidade vivida por muitos países, incluindo o Brasil, com a pandemia provocada pelo novo coronavírus. A principal dificuldade foi com a falta de números reais, já que o Brasil ainda não testa de forma suficiente a população, além de ter um gargalo para processar os exames que faz. Há ainda o problema de não centralizar os resultados de testes rápidos feitos por Estados e pela rede privada.

Realizado em parceria com o professor Vitor Engrácia Valenti, da Unesp, e David M. Garnes, da Universidade de Oxford, o estudo do Prof. Dr. Pedro de Lemos Menezess utiliza um modelo matemático que considera apenas os óbitos notificados.

No início do mês de maio o estudo estimou que até o dia 19 de maio os números de mortes no Brasil poderiam chegar 17.264 óbitos notificados associados à COVID-19, com margem de erro entre 14.132 e 25.695. Nesta quarta-feira, 19 de maio, números oficiais apontam 17.300 mortos no país.

O professor Pedro de Lemos Menezes informa, ainda, que a pesquisa aponta três projeções matemáticas: - otimista, que mostra 31 mil óbitos notificados associados à covid até 9 de junho; realista com 40 mil; e pessimista, quando com Brasil alcançando a marca de 64 mil óbitos notificados associado à covid-19 no início da segunda quinzena do mês de junho.

“Por isso que tudo aponta que estamos caminhando para números iguais aos dos Estados Unidos. Infelizmente o Brasil pode sim ser o novo epicentro dessa pandemia”, concluiu o professor.

*Com assessoria