A situação inédita de confinamento em casa e distanciamento social entre as pessoas por causa de um vírus em pleno século 21 cabe no enredo de romances distópicos ou de filmes apocalípticos de ficção científica. Na realidade, entretanto, essa trama pode vir recheada de desconfortos, situação de stress, desequilíbrio emocional e até alguma neurose, alertam psicólogos.
De acordo com Lydiane Streapco, professora de Psicologia do Centro Universitário São Camilo em São Paulo, nossa geração estava muito vaidosa de que não experimentaria riscos de morte em massa, como ocorreu no passado. “A natureza, agora, impõe nova realidade”. Para ela, a situação nos desequilibra, “mexe a fundo com o bem-estar e abala as relações entre as pessoas”.
“A mudança de hábito teve que ocorrer muito rapidamente e algumas pessoas podem se sentir angustiadas”, disse a acadêmica que, como milhões de brasileiros, mudou sua rotina. Além de trabalhar de casa, ela teve de assumir integralmente os cuidados com os filhos, de 6 e 8 anos.
Lydiane Streapco se preocupa com o excesso de exposição ao noticiário sobre covid-19., especialmente telejornais que possam ter tom sensacionalista. Ela também alerta para a veiculação de notícias falsas por meio das redes sociais.
Apesar das dificuldades impostas pela reclusão, dos riscos de superexposição midiática ao novo coronavírus e das possibilidades reais de contaminação e alastramento da covid-19, a professora acredita que a pandemia não terá o desfecho dos romances distópicos. “É bom as pessoas não terem medo. As distopias acabaram no passado por causa do ímpeto humano de enfrentá-las”.
*Com informações de Agência Brasil