As cores solares da roupa de trabalho já denunciava o homem, bem de longe. Impossível não vê-lo.
Estava embaixo d'uma sombra  para afastar-se do calor abrasivo de um dia exausto de verão.  Limpava o suor do rosto com o boné.
Ao chegar mais perto, depositei um bom dia e percebi , rapidamente, a vermelhidão nos olhos dele. O homem chorava, um choro rasgado, de lágrimas abundantes, mas, de certa forma contrito, sem sons..
Quis perguntar se estava tudo bem, mas, o olhar de contrangimento social que me lançou,(tipo homem não chora)  deixou-me resumida  a um emudecimento de compreensão.
Não sei por que o homem chorava, mas o radinho ao lado que tocava ,aflitivamente, uma música, brega-romântica, talvez indicasse o motivo.
Na manhã  escaldante de sábado encontrei um homem que  sentia frio n'alma. Chorava por um amor perdido. No meio da rua. Eu até pensei em dizer a ele que homem pode chorar, sim, mas, achei melhor, não.
Um fato insólito!