Alianças, apostas e indecisões na corrida para a prefeitura de Maceió

28/01/2020 12:13 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Ronaldo Lessa, Heloisa Helena e Judson Cabral. O ex-governador, a ex-senadora e o ex-deputado tiveram um encontro para falar de política e eleição (foto). Três figuras que já tiveram mais destaque – e poder – na vida pública alagoana. Um dado óbvio nesse sentido é que, após um histórico de êxitos em eleições sucessivas, para cargos diferentes, hoje ninguém no trio tem mandato. Isso não significa, é claro, que o grupo não tenha cacife para voltar a uma posição de protagonismo. O ano de 2020 pode representar essa virada.

A divulgação do encontro, feita pelos próprios participantes da “live”, indica a intenção de testar o cenário, sondar o público, espalhar as primeiras peças de um projeto por enquanto ainda não consumado. Não tem nada decidido, alegam os companheiros, mas as sinalizações quanto a uma candidatura à prefeitura de Maceió são evidentes. O mais óbvio é a chapa Lessa-Heloisa Helena.

Se as conversas consolidarem a candidatura do grupo, teríamos a reedição da disputa de 1992, quando Lessa se elegeu prefeito da capital tendo Heloisa como vice. Como já escrevi aqui, o fim daquele casamento não foi nada tranquilo. De lá até hoje, Lessa e HH nunca mais voltaram a ter a proximidade que agora ensaiam retomar. Na política não existem inimigos para sempre. 

Enquanto isso, do outro lado da praça, a Gazeta apresentava longa reportagem com o prefeito Rui Palmeira. O tratamento editorial foi coisa de aliança política – ao menos na aparência. O homem que entrou no último ano do segundo mandato sem muito o que mostrar anuncia, na entrevista, que será candidato a governador em 2022. Para a prefeitura, diz que seu PSDB terá candidatura própria.

Ainda na entrevista à Gazeta, Rui manda um claro recado ao senador Rodrigo Cunha, tucano como ele. O prefeito reclama da proximidade do senador com o deputado federal João Henrique Caldas, que não perde uma chance de bater na prefeitura. JHC, como se sabe, vive em campanha 24 horas por dia de olho na cadeira do atual prefeito. A mãe de JHC, Eudócia Caldas, é suplente de Cunha.

Uma última observação sobre Rui Palmeira na Gazeta: o grupo do prefeito está fechado com o senador Fernando Collor. Não precisa ser analista político nem alegar segredos de bastidores para a constatação. Collor e Rui têm como inimigo comum o governador Renan Filho. O noticiário das Gazetas protege a prefeitura e detona o governo de maneira sistemática. A aliança parece sólida.

Pelo que temos até agora, o grupo do governador ainda não bateu o martelo quanto a seu candidato a prefeito. O tempo passa, os ventos vão e voltam, e o nome do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, não sai da mesa de apostas. O chefe do MP seria o preferido do governador. Os dois se entrosaram quando Mendonça exerceu o cargo de secretário de Segurança do governo.

O calendário tem um peso nessas movimentações. Estamos caminhando para o fim de janeiro. Quando fevereiro passar, todos os lados sabem que não poderão mais perder tempo. Do lado do governo, há certa apreensão quanto à demora de Alfredo Mendonça para tomar uma decisão. Ele terá de abandonar a carreira no Ministério Público se quiser mesmo disputar a prefeitura.

Sim, temos outras frentes que apresentarão nomes para concorrer à sucessão de Rui Palmeira. Para onde vai a turma bolsonarista? Com o PSL abandonado pelo presidente, e com o novo partido enrolado na burocracia do registro, essa turma ficou meio atarantada por aqui. Mas os fanáticos seguidores de Bolsonaro tentam algum barulho na busca por um nome à altura de seus “valores”.

O ex-prefeito Cícero Almeida se lançou na aventura e depois sumiu. Depois de chegar ao topo e desabar ao solo com igual velocidade, ele sonha com um renascimento. A parada é difícil. A todos esses nomes pode-se cogitar aspectos facilitadores e, ao mesmo tempo, barreiras mais ou menos graves numa campanha eleitoral para prefeito. O cenário deve se aclarar mesmo a partir de março.

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