Antonio Pedro, meu pai foi o  menino  do estilingue pronto pra  qualquer aventura.
Meu pai  teve um pai amoroso,o velho, Antonio Pedro, que acobertava a infância do filho, entretanto,  para fazer  oposição a amorosidade  paterna, a mãe,Umbelinda da Conceição trazia  como sobrenome, a brabeza.
Umbelinda da Conceição , minha avó paterna era  uma preta "fula"- diz minha mãe.
Todo dia, a preta demarcava tantos hectares para o filho roçar,  e caso o menino não desse conta,o castigo disciplinava, daí Antonio Pedro, o velho roçava o terreiro, enquanto o filho, meu pai,  saia pra caçar passarinhos.
 Contam  que ,aos 10 anos, o menino Antonio, com o seu inseparável estilingue estrilhaçou uma montanha de pratos, que uma senhora lavava na porta de casa. A louça dissolveu.
Só para lembrar que nos idos de outros anos ( será séculos?), as pessoas lavavam os pratos na porta de casa.
Com a queixa da vizinha dos pratos quebrados, Umbelinda, minha avó surtou. Pegou o filho , pendurou de cabeça para baixo,  em uma mangueira e bateu. Bateu, muito.
Se não fosse um padre para acudir,  o menino teria sido morto pelo castigo inexorável.
Essa era a única forma que minha avó paterna  conhecia para  imprimir no filho, a questão dos valores morais, e penso que conseguiu.
Meu pai foi um sujeito honesto que zelava pela imagem. 
E, os ecos dos passos que vieram de longe( ancestralidade) continuam trazendo  ecos/vozes, do  meu avô paterno, Antonio Pedro dos Santos, da minha avó, Umbelinda da Conceição e  de Antonio Pedro dos Santos Filho,o mestre funileiro.
Antonio Pedro dos Santos Filho, meu pai, asseverava, quase sempre: " a maior herança que a gente tem  é o nome, minha filha,zele por isso."
E eu zelo.