Seu Paulo, o vizinho de rua, era um sujeito afável, um senhorzinho simpático que tinha o hábito de varrer a calçada da casa. Todas as manhãs. 
Um homem  vestido do sentimento de  bondade que se derramava pelos olhos e nos gestos gentis.
Um dia ele  resolveu investir em  um plantio, um pequeno jardim defronte de casa. E no espaço, além de ervas medicinais, plantou duas mangueiras que regava com o zelo de jardineiro dedicado.
E me dizia:- "Se você precisar de qualquer dessas plantas para fazer um chá,Arísia,  não se acanhe, pode pegar". E afirmava que ainda iríamos  provar da delícia das mangas de sua plantação.
Não deu. Seu Paulo morreu antes. Quando soube de sua morte, em novembro de 2017 estava no município de  Marechal Deodoro, participando da Festa Literária de Marechal Deodoro-Flimar e o episódio  ficou registrada em minha memória.
E hoje , dois anos após, olhando as mangueiras  florescendo, brotando frutos fico a pensar que a vida da gente, muitas vezes, se justifica na simplicidade de germinar ideias, como plantar uma árvore e lembrar que, apesar da morte, a vida segue seu curso.
Assim como as mangueiras plantadas pelo meu vizinho.
Esteja em Paz, Seu Paulo. 
Siga na luz!