Quitéria já teve família, mas hoje mora na rua. A morada propicia pra  Quitéria a ilusão da liberdade, enquanto aprisiona sua alma nas esquinas das impossibiliddes.
Um dia, Quitéria foi resgatada,mas, rapidamente fez  o caminho de volta. Na segunda,vez, também.
Eu lembro que Quitéria  sumiu, junto com Francisco, o cão.Um dia reencontrei-a toda serelepe, com a alma pulando corda e o corpo bem tratado. Fiz elogios pela boniteza. Ela rejeitou o elogio e disse que era feia ( o racismo nos deseduca para a boniteza do eu).Contou que  uma antiga patroa internou-a por conta do vicio do álcool e depois que saiu ,deu-lhe um emprego na casa dela,e lá Quitéria morava.
Mas, Quitéria não aguentou muito tempo ser cercada por quatro paredes. Tem sede de liberdade e liberdade para ela é a rua.Quitéria voltou para às ruas. Encontrei-a suja, alimentando um sono dormente na grama do bairro nobre.
Vejo essa mulher preta, cuja idade é indecifrável, o corpo com as cinzas do auto abandono, e penso que é mais uma de nós. Mulheres pretas invisíveis engolidas pelo sistema que nos rejeita, e mata.
Quitéria voltou pra ruas.
Que triste!
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