Renan Filho e os indicadores sociais de AL

27/12/2019 10:50 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
Image

Quando o Brasil debate seus indicadores sociais, Alagoas nunca aparece bem na fotografia. Pesquisas de agora, mais uma vez, apontam a situação crítica em que vive a população. Reportagem no Estadão revela que temos a maior desigualdade de renda no país. Segundo os dados, o que explica nosso atraso, desta vez, é a recessão dos últimos cinco anos. O quadro de extrema dificuldade, claro, não é exclusividade nossa. Os números atestam que, das cinco regiões, o Norte e o Nordeste ficaram para trás.

Embora os atuais gestores devam ser cobrados, seria leviano aproveitar a radiografia do momento para culpar o governo de plantão. A encrenca é muito mais profunda, com raízes históricas e causas as mais diversas. Mas, como a política contamina as discussões sobre tudo, a oposição a Renan Filho tenta culpá-lo por todos os males – de hoje e de décadas passadas. É uma distorção dos fatos.

Em janeiro de 2011, como editor-chefe da Gazeta, levei à manchete de uma edição de domingo a seguinte informação: Brasil é mais pobre em Alagoas. O título se justificava pelos números apresentados numa reportagem especial assinada pela jornalista Carla Serqueira. Naquela época, quase nove anos atrás, o estado era governado por Teotonio Vilela Filho, aliado querido dos usineiros.

A turma governista de então soltou os cachorros em cima da Gazeta por causa daquela reportagem. Porta-vozes do governador, espalhados por veículos amigos do palácio, usaram seus espaços na imprensa para reproduzir a versão chapa-branca de “perseguição”. O texto da matéria não trazia nada que levasse a esse tipo de besteira – até porque seria tão errado quanto desonesto. Mas a política...

Na gestão do atual governo, temos mais ou menos o mesmo tipo de fenômeno, com sinal trocado. Aqueles que, nos tempos de Téo Vilela, defendiam o governo toda vez que um indicador nacional “sujava” a imagem de Alagoas, agora jogam nas costas de Renan Filho a culpa pelo fim do mundo. Nem uma coisa nem outra. O gestor do momento não pode se omitir, mas não é o pai da bagaceira.

Como se pode constatar, a mesma Gazeta, nos dias atuais, dá forte destaque a toda e qualquer pesquisa sobre indicadores sociais negativos para o estado. O governo não gosta. É normal, nenhum governo gosta desse tipo de notícia. Não se pode acusar o jornal de apresentar fatos. O problema é o tratamento editorial que se dá ao assunto. Aí sim saímos do concreto para a fumaça da manipulação.

Historicamente, estivemos sempre no fim da fila nas medições de analfabetismo, pobreza e violência – para citar apenas três de nossos grandes gargalos. Sem contar com a pré-história do coronelismo político, assentado na base dos senhores de engenho, os últimos trinta anos foram cruéis para Alagoas. A partir de Geraldo Bulhões, inauguramos um tempo de retrocesso com efeitos duradouros.

Depois de GB, que governou até a metade da década de 90, Suruagy/Mano, Ronaldo Lessa e Téo Vilela, os govenadores que vieram depois, pouco fizeram para amenizar o drama. Os números continuaram a nos empurrar aos últimos lugares entre os estados. Na gestão tucana, Maceió ganhou o título de cidade mais violenta do mundo. O buraco, como se vê, é mais lá pra baixo.

Renan Filho assumiu em 2015 e vai completando o primeiro ano do segundo mandato. Recebeu um estado em situação nada confortável. Sua gestão não terá a receita de um milagre capaz de corrigir uma tragédia de origem secular. Se for capaz de avançar em algumas das áreas mais sensíveis, como saúde, educação e segurança, já será um tremendo feito. O tempo mostrará se ele acertou ou não.

Não se pode esquecer que um estado não avança num país mergulhado no caos. No Brasil governado por um bando de ignorantes, milicianos e arrivistas, a tarefa para gestores estaduais é ainda mais complicada. No caso de Alagoas, é evidente a postura hostil do presidente da República – afinal o capitão perdeu a eleição por essas bandas, dominadas por esses paraíbas desgraçados.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..