Ela sentou na beirada do mundo para esperar seu menino que saíra para ir ali ,mas, prometera não demorar muito. Era tardezinha de um dia bonito, e o pôr do sol abria os braços para colorir os céus com um tom amarelo- sol feito luz . Era dia de festa. O coração da mãe estava em festa. E estava a espera do filho, tão amado
A mulher ajeitou-se com a melhor roupa e até passou creme nas mãos asperadas pela labuta diária de esfregar aquele montão de roupas, com sabão grosso à beira do rio.
Tinha pobreza no entorno dela, mas, a alma da mulher estava transbordante do mais puro amor pelo menino, uma riqueza sem tamanho.
Seu filho era seu maior tesouro, criara sozinha o filho, agora quase homem. O pai- aquele cabra safado- disse até que o menino não era dele, e ela avexada, saiu de perto e foi ter o filho bem longe dele. Nunca mais soube do homem.
O menino perguntou algumas vezes pelo pai, depois foi "se" esquecendo de perguntar.
Hoje é dia de festa, a mesa posta e os vizinhos se arrumando para começar a cantoria, mas, de repente lá longe ouviu-se um pipoco de tiros e a mulher sentiu no coração, que seu filho tinha desmaiado da vida. Seu menino se fora.
E, continuou sentada na beirada do mundo, imóvel, a lágrima seca no olho, com a agonia no peito virando uma dor eterna.
O menino dela se fora.
No Natal.

Raízes da África