Para fins eleitorais, o partido do Seu Jair será registrado com o número 38. É uma homenagem de Bolsonaro ao calibre mais popular, digamos assim, no mundo das armas de fogo. Sim, o revólver é um dos símbolos da nova agremiação partidária que está sendo organizada para dar sustentação ao projeto criminoso do capitão da tortura. Na festa de lançamento, o presidente ganhou uma placa de presente, esculpida com projéteis (foto). Tudo de acordo com o tipo de gente que celebra o horror do bolsonarismo.

O que virá logo adiante tem tudo para aprofundar a escalada de autoritarismo que o país enfrenta sob um governo formado por bandidos. Aliado a milicianos, o clã do Vivendas da Barra não vai recuar um milímetro em sua alucinada obsessão de mandar sem freios, sem limites. É o DNA da galera que cresceu na política cavalgando a ignorância e o desprezo pela diferença, pela diversidade de ideias.

Não houvesse um planejamento para governar acima das instituições, a gente poderia ver no bolsonarismo apenas a patetice, a piada sem graça, a chanchada de um Weintraub. Mas, muito além das piruetas circenses, o que vai em andamento é o achincalhe ao Estado de Direito. Em golpes simultâneos, o governo investe para desmontar garantias legais de proteção ao indivíduo.

Tortura. Mandar pro pau. Fechamento do STF. O novo AI-5. Censura geral contra a arte. Perseguição sem trégua ao jornalismo e a jornalistas. Essas são apenas algumas das variáveis que explicam a atual tragédia brasileira. Só faltava um partido de propriedade dos Bolsonaro para um avanço ainda mais forte do retrocesso. Agora não falta mais. Aliança pelo Brasil é a tradução do medievalismo.

É tamanho o disparate oficial, são tantas as frentes de fomento à barbárie, que é até difícil escolher um aspecto para ressaltar. Alguém pode achar saudável que um presidente da República invente um partido político para ele mesmo comandar? E que, além disso, o primeiro vice-presidente seja um filho do chefe da nação? E os otários seguidores ainda acham que isso é “renovação”! Coisa de doido.

O que os Bolsonaro praticam é a mais carcomida forma de politicagem. Reproduzem o que já houve de pior na vida pública do país, com uma patologia especialmente atualizada para esses tempos de celebração do extermínio de pessoas. Fanfarrões, brucutus, armamentistas e adeptos da tortura, Jair e seus filhotes são produtos da vadiagem em sentido amplo: parasitas a degradar a saúde do país.

Por isso escrevi, em texto anterior, que não vivemos uma polarização entre esquerda e direita, entre progressistas e conservadores. Isso é muito erudito para quem não passa de marginal sedento por dominar tudo, sem respeito a regras, às leis e a princípios éticos. Também reitero que não há surpresa nenhuma quanto a esse estado de coisas. Bolsonaro apenas confirma o que sempre foi.

As palavras no manifesto da Aliança pelo Brasil, o nome do partido dessa gentalha, escancaram a baixeza do que pretende a turma do fã de torturador. Na guerra ideológica, esqueça os livros, as correntes de pensamento, as divergências intelectuais, a preferência por este ou aquele conceito político. Miliciano e mafioso só conhecem a Ideologia da Morte. E tudo com a bênção de Deus!