O Partido de Bolsonaro e o dilema dos aliados que vão disputar as eleições em 2020

18/11/2019 17:28 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
Image

As três ou quatro figuras de “destaque” no PSL de Alagoas estão um tanto desnorteadas com a criação de uma nova legenda, anunciada por Jair Bolsonaro. O deputado Cabo Bebeto e o agente da Polícia Federal Flávio Moreno esperam os próximos lances da jogada política para decidir sobre o rumo a ser seguido. A dupla já avisou que a fidelidade canina ao capitão da tortura é o que interessa. Se o homem der a ordem, os dois obedecem. Mas, como ninguém é bobo nesse negócio, não dizem se saem ou ficam no PSL.

O dilema dos valentes, assim como de outros aventureiros menos conhecidos, são as eleições do ano que vem. Já estão negociando tudo e mais alguma coisa para garantir uma candidatura. Alguns sonham estrear na vida pública com uma cadeira nas Câmaras Municipais. Em Maceió, meia dúzia de bolsonaristas mais alucinados quer tomar de assalto o parlamento da capital. E há as prefeituras.

O dilema a que me referi decorre justamente da novidade que é o virtual partido do Jair. Acordos já encaminhados, favores devidamente anotados para o acerto lá na frente, essas coisas da nova política – agora está tudo meio indefinido. Os diálogos republicanos foram suspensos no tranco. Os obscuros movimentos de Jair e seus filhotes maloqueiros atrapalham até os mais chegados.

Um dos problemas no projeto para a criação da Aliança pelo Brasil – o nome da futura agremiação – é o calendário. Tudo tem de estar nos conformes até março de 2020. É o prazo definido pelas regras da Justiça Eleitoral. A exigência de 500 mil assinaturas é apenas uma ponta da burocracia. Com essas dúvidas na cabeça, os perturbados seguidores do governo andam agoniados à espera de uma luz.

Para Bolsonaro, tanto faz. Ou quase isso. É que ele não precisa desesperadamente de uma sigla para o próximo ano. O que interessa ao amigo das milícias é a eleição de 2022, quando tentará renovar seu mandato. Mas, e os aliados, como ficam diante desse cenário? Precisam, reitero, de uma definição o mais rápido possível. Ocorre que Bolsonaro já provou que ele é tudo, menos confiável. Dureza!

A turma que está no PSL, e pretende disputar o cargo de prefeito Brasil afora, não tem como aguardar no escuro pela oficialização da nova sigla. Se houver uma encrenca burocrática de última hora, como é que ficam aqueles com candidaturas na praça? A História mostra que o risco é concreto. Nesses casos, a descoberta de eventual falha acaba sendo mortal – por falta de tempo pra corrigir.

Foi o que ocorreu com a criação da Rede em 2014. Com muito mais prazo para organizar o partido, a então senadora Marina Silva viu seu projeto desmoronar quando o TSE apontou erros e problemas na documentação apresentada. Ela acabou saindo como vice na chapa de Eduardo Campos.

Como tudo o que se passa na seita bolsonariana, não há como cravar nada baseado na lógica e nos fatos. Variável única a decidir as coisas é a vontade do presidente. Por isso, reitero, os garotões que se apaixonaram pelo “mito” estão meio perdidos agora. Afinal, tocam a vida no PSL ou caem fora logo?

Uma observação final sobre a invenção de Bolsonaro. Pelo “manifesto” rascunhado por esses reacionários – fãs de torturadores e de ditaduras sangrentas –, a sigla é uma presepada pior do que a Arena, a legenda que sustentava o regime militar. A escória da política brazuca terá nova casa própria.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..