Figurantes adestrados do bolsonarismo

06/11/2019 16:10 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Os cidadãos de bem, que finalmente chegaram ao nirvana com o triunfo eleitoral de Jair Bolsonaro, vibram a cada nova estripulia do presidente miliciano. Não importa que seja um anúncio de algo tão ridículo, tão fora da realidade, que logo acabará desmentido por algum ministro. Também não importa que seja alguma declaração infame – mais uma – a reiterar o desprezo do capitão da tortura pelos valores democráticos. Numa seita, a manada de fanáticos segue o líder até o fim, abana o rabinho a qualquer atrocidade.

Não é por acaso que o homem é chamado de “mito” por essa estranha banda brasileira – Los Bolsonaristas – que toca alegremente a marcha fúnebre em andamento. Num ambiente como esse, não dá pra levar a sério qualquer medida, nenhum pacote, suposto projeto, seja lá o que for, porque Bolsonaro e sua gang não estão nem aí para o Brasil. É tudo “guerra cultural”, o poder pelo poder.

São terrivelmente cegos (ou cretinos) os defensores incondicionais de um regime, ou de um governo, ou de um seminário carola, ou de qualquer grupo guiado pela fé cega no guru, no padreco, no reverendo, no presidente... Minimizar as barbaridades do chefe, jogando tudo nas prateleiras da “polêmica” e da “declaração infeliz” é apenas safadeza intelectual. Nossa democracia corre perigo.

A defesa de um novo AI-5, feita pelo maloqueiro Eduardo Bolsonaro, traduz o pensamento doentio desse bando. As reações foram à altura da fala criminosa, mas não poderiam ficar por aí. Caso o Congresso cumprisse seu papel, o parlamentar deveria sofrer punição, sim, por conspirar contra a Constituição. É o que está escrito na Carta. Mas, como se sabe, respeito à Lei está fora de moda.

Nesta quarta-feira, o presidente-porcaria lançou mais uma de suas fake news. Pelo Twitter, o sujeito “anunciou” que três multinacionais estavam fechando suas unidades na Argentina e se transferindo para o Brasil. Foi desmentido horas depois e, pateticamente, apagou o “anúncio”. Esse é o estadista que envergonha o país com uma dedicação obsessiva. Todo dia tem uma presepada.

Embora esteja em queda na aprovação de seu governo, Bolsonaro aposta tudo exatamente na legião de idiotas que o trata como “mito”. Além dessa horda, claro, há os ricaços, os donos do dinheiro, sempre aliados a qualquer coisa que lhes garanta a rentabilidade. Nessa linha, aprovam as ideias de Paulo Guedes, o economista que só vê mérito em ditaduras como a de Pinochet no Chile.

No embalo dos fanáticos que poluem as redes sociais com suas ideias perturbadas, Bolsonaro parte pra cima da Globo, com hostilidade elevada ao extremo. É uma jogada. O que o presidente mais precisa é de inimigos. E nada cai tão bem nesse papel como a “Globolixo”. Aqui mesmo em Maceió, no fim de semana, figurantes adestrados do bolsonarismo fizeram passeata contra a emissora.

Ligação com milícias. Suspeitas de envolvimento no assassinato de Marielle Franco. Esquema de corrupção e lavagem de dinheiro com Fabrício Queiroz. Laranjal de candidaturas nas eleições de 2018. Agressão ao meio ambiente. Discriminação e ofensas contra nordestinos e minorias em geral. Seguidos vexames nas relações internacionais. Proliferação de mentiras e distorções sobre tudo.

E essa excrescência ainda vai completar um ano de mandato. É, amigo, temos de ter estômago e paciência para encarar mais três anos pela frente. O marginal chegou lá pelo voto direto, pelas regras do jogo, como está previsto nas democracias. E, ao contrário da turma do Zero-Três-AI-5, estamos ao lado das garantias constitucionais. Dentro da legalidade temos instrumentos contra tiranetes.

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