Laranjal do PSL: Luciano Bivar, Sérgio Moro e Jair Bolsonaro no arrastão da politicagem

15/10/2019 16:32 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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A nova política está oficialmente registrada como caso de polícia. Os motivos que levam o PSL à condição de máquina fraudulenta, com a suspeita de crimes em série, foram postos à mesa de Bolsonaro no ano passado, quando ele procurava uma legenda para comprar. Não tem santo nesse latifúndio de esquemas – que vai das pontes do Recife aos apartamentos e mansões de Brasília. A operação da Polícia Federal em endereços do pernambucano Luciano Bivar (foto) é o lance mais agressivo do caso até agora.

A investida policial desta terça 15 foi autorizada pelo TRE de Pernambuco, a pedido do Ministério Público. O PSL está no centro de uma investigação sobre candidatos de fachada, “laranjas”, que serviram para desvio de verbas de campanha. A trama foi revelada pela Folha de S. Paulo em fevereiro. Deputado federal e presidente nacional do PSL, Bivar é a bola da vez para Bolsonaro.

Um dia desses, o capitão da tortura disse a um fanático seguidor, no meio da rua, que Luciano Bivar estava “queimado”. E aconselhou o rapaz que o idolatra a se afastar do outrora aliado de fé. A dedução se impõe pelo farol da lógica: Bolsonaro sabia do grau de combustão no couro de Bivar porque fora informado da futura operação da PF – que hoje se materializou. Não tem escapatória.

De Sarney a Michel Temer, nunca a Polícia Federal esteve tão a serviço de uma patota partidária. Não poderia ser de outra forma. Sob o comando de Sérgio Moro, qualquer instituição se transforma em mecanismo para a prática de abusos generalizados contra os princípios legais. Intelectualmente tosco, o juiz que desonrou a toga e caiu no carreirismo da política é capaz de tudo pra se dar bem.

No Ministério da Justiça, Moro virou cão de guarda de Bolsonaro, ou, em outra imagem, mistura de governanta de gandaia com jagunço de “coronel”. É com esse espírito que o juiz parcial toca a pasta que ganhou no governo miliciano. Cumpre as ordens do Messias com entusiasmo constrangedor.

Na guerra sanguinolenta que sacode o PSL, o governo e diferentes alas bolsonaristas, é claro que a investigação da PF e do MP sobre o laranjal de candidaturas virou jogada política para Jair Messias e sua tropa fiel. O presidente atira num aliado – mais um – e larga o ferido ali, estendido na estrada.

As eleições de 2018 deram ao PSL uma bancada de 53 deputados federais. É a segunda maior na Câmara; perde apenas para o PT. O que isso significa em termos concretos, sem conversa fiada, preto no branco? Significa dinheiro, muito dinheiro, como jamais houvera nos cofres do nanico PSL.

Este ano, a sigla que abrigou o Bolsonaro ainda candidato receberá cerca de 110 milhões de reais do Fundo Partidário, o maior repasse entre todas as legendas. Os heróis da nova política, como se sabe, vieram destruir o velho sistema. Mas, quando o negócio é gestão financeira, a tradição fala mais alto.

Horas depois de deflagrada a operação contra Bivar, gente do PSL ao lado de Bolsonaro já festejava o surgimento de uma “causa justa” para trocar de partido. É o caminho para garantir o mandato dos deputados que acompanharem o presidente na desfiliação. É o que veremos nos próximos capítulos.

Poder. Grana. Proteção à família presidencial. Eleição 2020. Eleição 2022. São esses os tópicos que formam o pano de fundo no ataque a Luciano Bivar. Inocente, ele não é, disso não há dúvida. Acontece que seu inferno astral decorre menos do rigor com a lei e mais por ação politiqueira.

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