A promotora de justiça, em Alagoas,Alexandra Beurlen, escreve, brilhantemente,  sobre uma quase desimportância com a educação escolar no estado  e  o número excessivo de alun@s fora da escola, e aproveitamos para ressaltar que o analfabetismo em Alagoas tem cor, daí...


Triste dia dos professores!

Várias pesquisas apontam relação entre o número de anos de estudo de uma pessoa e as chances que ela tem de ser vítima de violência (gosto especialmente de uma da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais).
Quanto menos anos de estudo, mais chances temos de sermos vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais - CVLI.
Esses mesmos dados são expostos  pela Secretaria de Segurança Pública de Alagoas, que vem batendo, há algum tempo, na necessidade de se enfrentar a criminalidade através da PREVENÇÃO. 
A repressão, reconhecemos todos que integramos essa parte do Sistema de Justiça, é necessária, mas não é suficiente para diminuir significativamente a criminalidade.
Em 2018, dos adolescentes apreendidos em flagrante e apresentados para oitiva da 11° Promotoria de Justiça da Capital (Maceió/AL), da qual sou titular, 58,1% estava FORA DA ESCOLA.
A ONU, através do UNICEF, reconhece na escola ambiente seguro e apto a proteger crianças e adolescentes.
Essa também é a percepção dos colegas que atuam na repressão aos crimes contra as crianças e adolescentes.
Assim, sem qualquer demérito ao necessário e adequado pagamento aos integrantes das forças de segurança do Estado, saltam aos olhos as opções que vêm sendo feitas há muitas gestões, de se investir mais na repressão que na prevenção da violência. 
Repito: não é privilégio do atual governador, mas o fato se repete em sua gestão. 
Nesse dia dos professores, registro e lamento que, enquanto Alagoas pretende gastar R$ 1.185.037.116,00 com pagamento de pessoal na área de Segurança, prevê gastar R$ 587.369.946,00 com o mesmo pagamento, na educação, no ano de 2020.
Não tenho qualificação técnica para apontar saídas melhores, nem me cabe.
Mas, diante dos estudos mencionados, penso que temos que reverter essa posição política, sob pena de não revertermos a situação histórica. 
Por isso, insisto tanto na compreensão dos orçamentos e em sua apropriação pela sociedade! 
Não podemos nos eximir de discuti-lo nas audiências públicas próprias para tanto, sob pena de não sermos felizes nem nesse nem em outros "dia dos professores"!

Fonte:Alexandra Beurlen.