Corruptos e milicianos do bolsonarismo

07/10/2019 16:06 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Antes de completar um ano de mandato, o governo amigo de milícias se afundou em crises que seus próprios integrantes fabricam com uma espantosa obsessão. Não vou perder tempo falando sobre ministros desqualificados que se espalham pela esplanada feito ratazanas em lixões. O chefe da turma, o capitão Bolsonaro, passa recibo, acusa o aperreio com as revelações da imprensa, especialmente na Folha de S. Paulo. A mais recente encrenca são os dados sobre o laranjal do PSL e o ministro do Turismo.

Em sua edição de domingo, a Folha informa que um inquérito da Polícia Federal apura se o próprio presidente foi beneficiado com o desvio de verbas do fundo eleitoral, destinado ao PSL de Minas Gerais, na disputa do ano passado. Como se sabe, o partido da nova política fraudou a aplicação dos recursos que deveriam ser destinados a mulheres candidatas. A grana serviu a caciques da legenda.

Um dos que receberam dinheiro reservado à conta das candidaturas femininas foi o então candidato a deputado federal e hoje ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Na mesma pegada, o esquema criminoso irrigou a campanha de Jair Messias a presidente. O caso é muito grave.

Diante dos dados já conhecidos, a Polícia Federal indiciou o ministro. Na sequência, o Ministério Público de Minas denunciou o rapaz por essas aventuras laranjeiras. Ainda assim, ele continua firme no governo que prometia linha dura ao menor sinal de corrupção. Otários e cúmplices acreditaram.

Como é que você descobre se uma denúncia tem forte potencial de destruição? Uma boa dica é prestar atenção em como reagem os suspeitos. Por isso eu escrevi acima que Bolsonaro passa recibo. Sem defesa aparente quanto aos fatos, o mentecapto vomitou impropérios contra a Folha.

O pai do Carlos Bolsonaro – aquele rapaz que chefia a milícia virtual no coração do governo – disse que o jornal paulista desceu “às profundezas do esgoto”. Na manhã desta segunda, o presidente voltou ao tiroteio contra a imprensa, com novos ataques à Folha e a outros veículos. Tudo tão velho.

Numa demonstração clara de como pensa de modo republicano, Bolsonaro declarou o seguinte: “O que mais me surpreende são os patrocinadores que anunciam nesse jornaleco chamado Folha de S. Paulo”. Traduzindo, ele intimida o anunciante privado a deixar de fazer publicidade no jornal.

O que isso significa? Como Bolsonaro sabe que a Folha não é uma Record TV, um SBT e outros de mesmo quilate, chega ao absurdo de pressionar as grandes empresas privadas a embarcarem em seu projeto criminoso de governo. É esse o estadista que seduziu os garotões cristãos conservadores.

Ora, nada mais atrasado do que tiranetes que sufocam financeiramente a imprensa para controlar o conteúdo das publicações. É assim nos regimes mais reacionários e violentos do mundo, à esquerda, ao centro e à direita. Nossos direitistas são uns mequetrefes de última categoria. É triste.

E Sergio Moro, aquele herói? O combatente incansável na guerra contra a corrupção saiu correndo para defender o chefe no caso do laranjal. É de causar asco a postura desse juizinho que se vendeu por um ministério e, mais que isso, trabalhou desde sempre por um projeto de poder.

Que a imprensa não governista faça o trabalho que tem de fazer, sem panfletagem, baseada em fatos reais. Porque os fatos estão aí, de todos os tipos, incluindo, é claro, as revelações da Vaza Jato pelo Intercept. Laranjas, milicianos e corruptos do bolsonarismo não podem dominar este país.

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