Desmoralizados por tudo o que veio à tona pelo Intercept, procuradores da força-tarefa da Lava Jato solicitaram à Justiça que o ex-presidente Lula passe do regime fechado para o semiaberto. É uma iniciativa patética, desesperada, pela qual os garotões do Ministério Público Federal querem dar a impressão de que são limpinhos, que cumprem rigorosamente as leis. Tentam parecer o que nunca foram na investigação. Além do mais, a progressão de pena independe da vontade de Dallagnol e patota.

Se cumpriu um sexto da sentença, passar ao semiaberto é um direito líquido e certo do “presidiário”, como os doentinhos caçadores de comunistas gostam de se referir a Lula. Sim, o homem é um presidiário, sem dúvida. O problema é que ele foi levado a essa condição num processo corrompido por agentes da lei que atuaram como uma gang. São bandidos de toga.

Como se sabe, Sérgio Moro era o chefe da corja de depravados. De novo: essa postura está amplamente demonstrada na antologia de mensagens reveladas na chamada Vaza Jato. Procuradores atropelaram um conjunto de princípios e, na outra ponta, um juiz parcial inventou a culpa de Lula, sem que para isso tenha apresentado uma miserável prova. Isso é fato.

É preciso sempre relembrar: o suposto magistrado que condenou Lula – sem provas – ganhou como prêmio o cargo de ministro da Justiça do presidente que ele, juiz Moro, ajudou a eleger. Na reta final da campanha, sem medo de escancarar sua pilantragem intelectual, soltou o conteúdo de uma delação de Antonio Palocci, apenas para ajudar Bolsonaro. Cabo eleitoral é isso aí.

Lula não deve ganhar a liberdade porque eu, você ou qualquer um achamos que ele seja inocente. O velho sapo barbudo tem de ser solto em nome da Constituição, em nome da ampla defesa a que todo cidadão tem direito, em nome de um julgamento justo e imparcial. Ou seja, ele tem de ser submetido a um processo legal e honesto – tudo o que não houve na Lava Jato de Moro.

Herói dos bestalhões, dos fanáticos direitistas e de militantes de causas inconfessáveis, Moro tem de ser declarado um juiz suspeito no caso Lula. Logo, sua sentença – torpe e tecnicamente medíocre – precisa ser anulada. Somente assim, teremos de volta um mínimo de decência no sistema jurídico. Acusação? Que ele seja julgado dentro da lei, não por um tribunal político.

Apesar de todo o esforço do Grupo Globo, que manipula os fatos grotescamente para intimidar o STF, os ministros terão de mostrar coragem. Roberto Barroso, amiguinho de Dallagnol, tem mais destaque no Jornal Nacional que os galãs da novela. Edson Fachin e Luiz Fux estão aliados ao colega na tentativa de barrar a aplicação da lei. Os demais terão de enfrentar a chantagem.

Lula Livre, sim! Não porque seja vontade de globalistas culturais – a categoria sobrenatural que assombra os cristãos conservadores. Lula merece a liberdade porque devemos zelar pelo estado de direito para todos. É assim nas democracias, é assim na civilização. Só não é assim na Terra plana de celerados que pregam linchamento para desafetos. Que o STF cumpra sua obrigação.