Escola militarizada, bolsonaristas e “canalhas”

01/10/2019 15:06 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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O Estado de Alagoas não embarcou no tal projeto de escolas militares criado pelo governo de Jair Bolsonaro. Ainda bem. A ideia foi solenemente desprezada pelo governador Renan Filho, no que está certíssimo. São Paulo, Rio de Janeiro e oito estados do Nordeste disseram não a essa ideia meramente demagógica e autoritária. Além do mais, dados oficiais, como informa a Folha de S. Paulo nesta terça-feira, revelam que militarização não é garantia de avanços no desempenho escolar. É pura falácia.

Leio no CADAMINUTO que o presidente estadual do PSL (o partido de Bolsonaro), Flávio Moreno, está revoltado com a decisão do governador. Segundo esse exemplar republicano – que aliás é agente da Polícia Federal, mas ganha salário sem trabalhar –, milicos dando ordem no ensino público seriam a receita do paraíso na educação. Sabe-se lá de onde ele tirou tamanha estupidez.

Na verdade, Moreno se inspira em dementes como Major Olímpio, o senador (também do PSL) que propõe o armamento de professores na sala de aula. Para esses simpatizantes da causa miliciana, livros não estão com nada. Bom mesmo é a pedagogia da pistola e do 38. Ainda segundo os adeptos da presepada, alunos devem ser tratados como recrutas, submetidos à rotina de quartel.

Na “filosofia pedagógica” da bala, crianças e adolescentes não têm nada que fazer perguntas. Nada de debate entre mestres e estudantes. Moreno e seus iguais defendem a escola do medo, da intimidação e, nesse sentido, as lições obrigatórias são cantar o Hino Nacional, hastear bandeira e bater continência. Não querem formar pessoas livres, querem soldados adestrados.

Vocês devem ter visto que Bolsonaro acaba de fazer uma recomendação especial a professores e estudantes. Para esse indigente moral, leitura edificante é a autobiografia de Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores no regime ditatorial que vigorou por duas décadas no país. É sob essa inspiração maldita que o presidente estadual do PSL defende a militarização na rede pública.

Receita mágica não existe para nenhum segmento. A criatividade de gestores pode se materializar de múltiplas maneiras, a depender da formação de cada um e de metas e princípios adotados. Agora, vias consagradas para o bom desempenho escolar passam por balizas comprovadamente eficazes: jornada em tempo integral, tecnologia, reciclagem e professores bem remunerados.

Ainda que o governo alagoano esteja longe do ideal, pelo que se vê, há iniciativas que seguem esse modelo citado acima. No Nordeste, para desespero de terraplanistas ideologicamente perturbados, o melhor exemplo na área é o do governador do Maranhão, Flávio Dino – logo ele, um quadro do famigerado PC do B. Professores maranhenses recebem o melhor salário no país.

Na contramão, com um ministério comandado por Abraham Weintraub, esse idiota analfabeto, o governo Bolsonaro prefere a truculência no lugar do conhecimento. Intolerante e equivocado, Flávio Moreno chama de “canalhas” os governadores que não se dobram ao ideário obscurantista de seu ídolo. É bizarro, mas tô ligado. Explico: de canalhice, bolsonaristas entendem bastante.

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