Um conto de Sérgio Vaz que resume um pouco dessa sensação boa que é trazer jovens vozes pretas das periferias , a partir da realização do "Odo-Concurso Preto de Poesia para Jovens da Periferia,para a visibilidade da literatura feito livro. O concurso tem iniciativa do Instituto Raízes de Áfricas, apoiado pelo Governo do Estado,através da SECULT,SECOM,SERIS,SEPREV e Fundação Cultural Palmares.
Pão e poesia:
"A periferia nunca esteve tão violenta, pelas manhãs é comum ver, nos ônibus, homens e mulheres segurando armas de até quatrocentas páginas. Jovens traficando contos, adultos, romances. Os mais desesperados, cheirando crônicas sem parar.
Outro dia um cara enrolou um soneto bem na frente da minha filha. Dei-lhe um acróstico bem forte na cara. Ficou com a rima quebrada por uma semana.
A criançada está muito louca de história infantil. Umas já estão tão viciadas, que, apesar de tudo e de todos, querem ir para as universidades. Viu, quem mandou esconder a literatura da gente, Agora nós queremos tudo de uma vez! "
Fonte: (VAZ, 2011, p. 47).