Número de suicídios em AL cresceu em 2018 e tentativas acendem alerta de prevenção

10/09/2019 11:36 - Blog da Raíssa França
Por Raíssa França
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Estamos no mês de prevenção ao suicídio. O famoso ‘Setembro Amarelo’ tem um papel importante na nossa sociedade: falar sobre um assunto preocupante e que cresce a cada dia. Os dados comprovam esse crescimento. O Anuário de Segurança Pública desta terça-feira (10) mostrou que em Alagoas, no ano de 2018, 172 pessoas tiraram a própria vida. Em 2017, ainda segundo os dados, foram 135.

Dados do Hospital Geral do Estado (HGE) mostraram que até agosto deste ano, 279 pessoas tentaram tirar a própria vida. A minha pergunta é: como essas 279 pessoas estão sendo tratadas? Será que elas estão sendo acompanhadas por especialistas? Será que elas estão bem? Não sei. As mortes podem ser evitadas e essas tentativas acendem alerta da importância da prevenção.

Quando converso sobre suicídio com alguém uma das primeiras coisas que ouço é: “Meu Deus, o que está acontecendo com as pessoas?” Ou então, ouço coisas como: “É a ausência de Deus”; “É a depressão”. Acredito que queremos encontrar uma justificativa para entender por qual motivo aquela pessoa fez aquilo. 

Uma vez entrevistei uma adolescente que tinha tentado contra a vida dela. Ela teve uma segunda chance e enxergou nisso a possibilidade de fazer diferente. Ela me contou que na época, tinha problemas familiares e achava que ia se resolver se ela fosse embora. Lembro que ela me disse: “eu não queria me matar”. 

Ela sobreviveu, ficou com sequelas, mas disse que o “barulho do baque fez com que ela abrisse os olhos”. Nunca esqueço disso. Não quis me aprofundar nas dores que ela sentia, mas perguntei a ela como ela enxergava aquela nova chance e ela disse: sou uma sobrevivente. Soube depois que ela estava testemunhando o milagre dela (como a chamou) na igreja.

O suicida sempre mostra sinais que tem algo errado com ele. Se você conhece alguém assim, busque ajuda para ele. Nós não sabemos como será o amanhã. Não julguemos essas pessoas como fracas ou como pessoas que não conhecem a Deus. Acredite: suicídio não tem nada a ver com ausência de fé.

Nossa sociedade está cada vez mais individualista e egoísta. Quase não temos tempo para ouvir o outro. Nos preocupamos com as nossas dores e achamos que elas são únicas, mas de vez em quando é necessário guardar a nossa dor no bolso e ajudar a quem precisa. Seja ele quem for.

Espero que também o poder público olhe cada vez mais por essas pessoas e encontre estratégias para minimizar esse problema. Espero que você que está lendo esse texto e se sente triste, desanimado e preocupado, encontre a força dentro de você. E que nós possamos estender as nossas mãos, braços e pernas para quem precisar não apenas de um ombro, mas de todo nosso amor.

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