Deltan Dallagnol já era. Falta o Sergio Moro

02/08/2019 15:34 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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O espevitado procurador Deltan Dallagnol está na lona. Não é de hoje, claro, mas a coisa acabou pra ele depois que a imprensa mostrou o rapaz maquinando ações ilegais contra o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal. As informações fazem parte do último lote de diálogos da Vaza Jato, publicado pela Folha na parceria com o Intercept Brasil. Nas conversas com seus pares, o doutorzinho do Ministério Público Federal expõe como agia sem limites por interesses escusos.

Depois da publicação dos diálogos, a reação no Supremo é de indignação. Além disso, os fatos deixam clara uma certeza: Dallagnol tem de ser afastado de suas funções na força-tarefa da Lava Jato. A pressão é fortíssima sobre a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, chefe do MPF. Mas, informa a Folha, por corporativismo, ela não quer tomar a iniciativa de afastar o colega.

Sendo assim, e caso não haja decisão também do Conselho Nacional do Ministério Público – cujos integrantes deveriam ter vergonha na cara e fazer o que tem de ser feto –, resta ao STF agir. Sim, porque os delinquentes de toga fizeram de tudo na Lava Jato, menos seguir as regras do processo legal. É uma questão de tempo para que a Corte decida pela punição ao indecente procurador.

Dallagnol e o procurador Roberson Pozzobon (o Robito) tramaram um jeito de ganhar dinheiro com a fama decorrente das operações que inventavam quando bem queriam. Dallagnol é explicitamente desavergonhado quando trata disso, como revelou a Folha em 14 de julho: “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”.

É uma afronta às leis, às instituições e aos princípios que devem ser obedecidos por autoridades que têm o poder de devastar empresas e destruir vidas. Enquanto a quadrilha fingia combater a corrupção – esse mantra que serve para justificar as bandidagens dos valentões moralistas –, o que estava em jogo era um projeto de poder. E, claro, o objetivo mais nobre: encher a pança de grana.

Para disfarçar a safadeza, os procuradores, como já divulgado, planejaram abrir uma empresa em nome de suas respectivas senhoras. Vamos ler Dallagnol, esse modelo de honestidade, falando sobre a estratégia: “Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários”.

É ou não é um negócio de quadrilheiros? E esses caras foram eleitos heróis dos “cidadãos de bem”, muito engajados em salvar o Brasil e nos levar a um novo tempo. Mas ainda há quem defenda essas figuras repugnantes. Os fanáticos irrecuperáveis do bolsonarismo garantem que é tudo armação de comunistas, associados ao marxismo cultural, para impor ao país uma ditadura bolivariana. Sacou?

Como falei, Deltan Dallagnol já era. Na linguagem dos antigos folhetins, sangra debaixo do sol, desmoralizado em praça pública. Em breve, será oficialmente dado como um ser vegetativo. Mas ainda é pouco, muito pouco. O chefe da gang é Sergio Moro, o juizinho que se vendeu por um ministério e outras premiações futuras. Em nome da lei e da decência, tem de pagar por seus crimes.

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