A última novidade sobre o escândalo da Vaza Jato mostra que o alagoano Humberto Eustáquio Martins, ministro do Superior Tribunal de Justiça (foto), foi uma das tantas vítimas das armações de Deltan Dallagnol e demais procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba. É o que revelam diálogos publicados nesta quinta-feira em mais uma reportagem da Folha de S. Paulo, na parceria com o Intercept Brasil. Martins era cotado à vaga de Teori Zavascki, que morreu em 2017.

Para sabotar a possível escolha de Humberto Martins pelo então presidente Michel Temer, o incontrolável Dallagnol acionou seus coleguinhas e cobrou informações sobre a delação da construtora OAS. O nome do ministro teria surgido nos relatos de diretores da empresa. A denúncia trazia o suposto pagamento de propina a um filho de Martins. A informação nem estava anexada ao processo, mas Dallagnol insistiu que era preciso Temer tomar conhecimento da suspeita.

Escreve a Folha: “Quando o nome de Martins apareceu na imprensa como um dos cotados para a vaga, Deltan procurou Eduardo Pelella para sugerir que o procurador-geral Janot alertasse o então presidente Michel Temer de que ele era um dos alvos da delação de Léo Pinheiro”. Eduardo Pelella era chefe de gabinete do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.  

E agora veja a recomendação de Dallagnol, falando diretamente sobre o ministro do STJ: “É importante o PGR levar ao Temer a questão do Humberto Martins, que é mencionado na OAS como recebendo propina”. “Deixa com nós”, respondeu o tal Pelella, mostrando que os caras faziam piada o tempo todo enquanto tramavam contra as instituições. Eis os heróis do “combate à corrupção”.

A mesma reportagem da Folha sobre Martins traz a informação de que a força-tarefa da Lava Jato tentou pegar – é claro – o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Dallagnol, sempre o mais imundo nas maquinações subterrâneas, cobra dos companheiros que fucem uma história sobre a reforma num apartamento do presidente do STF. Cita ainda a mulher do ministro, que é advogada.

Procurado pela Folha, Humberto Martins não quis falar à reportagem, mas na manhã desta quinta ele conversou com a jornalista Mônica Bergamo. Na rádio Band News, a colunista revelou que o ministro alagoano disse que estava indignado e triste com a descoberta da safadeza dos rapazes do MPF. “Procuradores passaram de todos os limites”, acrescentou Martins. A acusação nunca prosperou.

Mais uma vez, o escândalo confirma que os chefões da Lava Jato agiram por cima da Constituição, cometendo ataques generalizados a todos os que eles identificavam como ameaça ao projeto de poder que levavam adiante. Ressalte-se que o MPF não tem prerrogativa para investigar ministros dos tribunais superiores. Mas, na república de Curitiba, delinquentes de toga criaram as próprias leis.